Agronegócios
14h56 07 Maio 2025

Audiência na ALMG debate avanço de javalis em Minas e ameaça ao agro

Por Marcelo The Back - TV KZ
Reprodução
Na imagem, buracos em lavoura causados por javalis

O avanço dos javalis em Minas Gerais voltou a ser debatido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte/MG, durante audiência pública realizada em abril deste ano. O animal, considerado uma das 100 piores espécies invasoras do mundo pela União Internacional da Conservação da Natureza (IUCN), tem causado prejuízos ambientais e econômicos em diversas regiões do estado, especialmente no Triângulo Mineiro.

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 198 municípios mineiros já registraram a presença da espécie. Desse total, 64 cidades estão classificadas com “prioridade extremamente alta” para ações de prevenção, por abrigarem áreas ambientalmente sensíveis.

Durante o encontro, o Sistema Faemg Senar cobrou mais agilidade na liberação de licenças para manejo e controle da espécie, incluindo autorizações para abate. O vice-presidente secretário do Sistema Faemg Senar, Ebinho Bernardes, fez um alerta sobre os impactos da presença descontrolada dos javalis nas lavouras.

O javali é uma praga que destrói plantações de soja, milho e cana, afetando pequenos, médios e grandes produtores. Nosso objetivo é apoiar tecnicamente a Assembleia para sensibilizar os deputados na aprovação de uma legislação mais coerente e eficaz”, disse Bernardes.

Espécie prolifera rápido e não possui predadores naturais

O coordenador do Controle de Capivaras e Javalis da Esalq-USP, Paulo Bezerra e Silva Neto, reforçou a urgência no controle da espécie. Ele explicou que o javali pode atingir a maturidade sexual em menos de um ano, e ter em média oito filhotes por ano, totalizando até 32 crias em quatro anos. O animal também pode se deslocar por até 300 quilômetros por dia e não encontra predadores naturais no Brasil.

A proliferação descontrolada facilita a devastação da fauna e flora nativas e agrava os riscos à produção agrícola”, afirmou o especialista.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento, Osny Zago, apresentou fotos e dados que comprovam os estragos causados às plantações, nascentes e áreas nativas da região. Ele defendeu a retomada do Projeto de Lei (PL) 1.858/2023, que autoriza o controle populacional e o manejo sustentável do javali-europeu (Sus scrofa).

Precisamos ouvir especialistas e a população para buscar uma solução equilibrada. O controle é necessário para preservar o meio ambiente e evitar riscos à saúde, já que o javali pode ser portador de verminoses e consumir insumos agrícolas”, pontuou Zago.

Grupo de trabalho deve ser criado para tratar do tema

O deputado estadual Raul Belém, que presidiu a audiência, afirmou que a caça é apenas uma das formas de controle, e defendeu um debate técnico e responsável sobre o tema. Ele destacou a importância do PL 1.858 e propôs a criação de um grupo de trabalho coordenado pelas Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente para aprofundar as tratativas.

Representantes de diversos órgãos participaram do encontro

Participaram da audiência representantes da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Emater-MG, Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Esalq-USP, Ministério da Agricultura e Pecuária, Polícia Militar de Minas Gerais, Clube Mineiro de Caçadores, entre outros.

Com a pressão de entidades ligadas ao agronegócio e os relatos de produtores rurais, o debate sobre o controle da espécie invasora ganha força e pode avançar com novas medidas nas próximas semanas.

 

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