Um ano após a maior catástrofe climática da história recente do Rio Grande do Sul, o Brasil aparenta ter seguido em frente, mas a realidade para os gaúchos é diferente. Milhares de produtores rurais, que enfrentaram três secas seguidas e, após isso, foram devastados por enchentes, ainda sofrem as consequências dessa crise. Para muitos, a dor e a luta continuam intensas e, ainda mais preocupante, frequentemente ignoradas.
A destruição nas lavouras, as casas danificadas e as famílias desalojadas geraram comoção nacional. No entanto, essa comoção não se traduziu em ações efetivas. Embora promessas do governo federal tenham inundado discursos, elas não se concretizaram em melhorias reais na vida no campo. O que muitos recebem é a falência, com dívidas superando R$ 100 bilhões. Sem acesso a crédito e garantias, um grande número de agricultores abandona suas terras e recorre à proteção social, uma situação angustiante para aqueles que sempre trabalharam arduamente para sustentar seus lares.
Propriedades que antes tinham um valor significativo por hectare agora não atingem nem 10% desse valor, e áreas ociosas se proliferam em regiões intensamente produtivas. Além disso, isso reflete um impacto psicológico alarmante, elevando as taxas de suicídio entre os trabalhadores rurais. O estado depende do agronegócio para se manter economicamente estável, uma vez que este setor representa cerca de 40% do PIB gaúcho e, em municípios menores, chega a ser mais de 80%.
É triste ver que os produtores gaúchos, que há tempos desbravaram novos horizontes para o agronegócio, agora clamam por atenção do Estado. Eles sempre responderam com trabalho às adversidades, mas agora se veem à margem de um sistema que só os reconhece quando é conveniente politicamente, ignorando suas necessidades reais.
A negligência com os produtores rurais do Rio Grande do Sul não é meramente uma falha de política pública, mas sim uma violação moral. É essencial lembrar de quem alimenta o Brasil, gera riquezas e sustenta empregos. O país precisa agir com responsabilidade e reconhecimento para reconstruir esta comunidade que tanto contribui.
O Rio Grande do Sul não precisa apenas de palavras, mas sim de crédito, infraestrutura, apoio psicológico e ações efetivas. O Brasil deve isso aos gaúchos, por justiça e moral.