Economia
20h00 22 Agosto 2025
Atualizada em 22/08/2025 às 20h00

Artista visual diz que morar sozinho foi uma escolha

Por Caio POSSATI Fonte: Estadão Conteúdo

O artista visual Antônio Soares, de 42 anos, mora em um apartamento alugado na Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Os 60 m² totais da sua casa são exclusivos para ele, que decidiu viver sozinho depois de anos morando com os pais e dividindo uma residência com amigos. "Comecei a sentir falta de ter mais privacidade e independência em relação aos espaços", diz Tony - como costuma ser chamado - ao Estadão. Nascido em Fortaleza (CE) e criado em São Paulo, o artista representa um perfil de brasileiro em crescimento: o de pessoas que vivem sozinhas e pagam aluguel.

Tony mora sozinho por escolha. Ele diz que preza por individualidade, privacidade e por ter o que ele chama de "um espaço de respiro". "A solitude é uma coisa que nos faz bem, sabe? Quando você está bem consigo, você não apenas não se importa, como você gosta de estar na própria companhia."

Em meados de 2015, ele saiu da casa dos pais para dividir teto com amigos. Seu objetivo era estar mais próximo do centro da cidade, onde trabalhava e tinha os seus momentos de lazer. Depois de alguns anos e algumas mudanças de endereços, Tony decidiu em 2022 que estava na hora de ter o próprio espaço. "(Minha saída) não foi por questão de briga. Mas eu não queria abrir mão da minha privacidade", diz. "Quando você tem uma vida afetiva em movimento, não é com todo o mundo que você se relaciona e quer apresentar para um amigo, ou que as pessoas saibam da sua rotina ou saibam que você passou o fim de semana com uma pessoa diferente".

Peso no bolso

O artista assegura que encontrou a privacidade que almejava, apesar de sentir no bolso o peso da decisão. "Eu queria ter dado esse passo antes, mas foi só nos últimos anos que eu tive uma condição financeira melhor, que me dava a segurança para assumir esses gastos sozinho", diz Tony. Na opinião dele, ter o próprio espaço pode ser válido até para os relacionamentos afetivos. "Acho saudável que a relação tenha esses respiros, de o casal estar junto quando realmente os dois lados estão a fim de se ver", afirma.

"O meu desejo é morar em espaços separados. Ter o convívio, a vida compartilhada, mas não necessariamente morando juntos. Pode ser que, daqui um tempo, sim (a gente venha a morar um com o outro), mas hoje eu prezo muito por essa individualidade."

Tony divide a sua rotina entre os trabalhos que desenvolve como diretor de arte na parte da manhã, e também o de tatuador, que exige a sua presença em um estúdio perto da sua residência, à tarde. Em casa, ele também pinta telas e projeta intervenções em espaços urbanos, que ele divulga nas suas redes sociais.

Com a veia artística em produção constante, o apartamento acaba se tornando um ateliê. Ainda há espaço suficiente em sua casa para acomodar toda a arte que faz, mas reconhece que "vai chegar uma hora que vai ficar pequeno". "Vai ter o momento em que vou precisar alugar um espaço ainda maior ou alugar outro espaço só para servir de ateliê", diz.

O artista tem, sim, o desejo de comprar a sua casa e não pagar mais aluguel, mas admite que está com dificuldades para encontrar um lugar que se encaixe no seu orçamento, tenha espaço razoável e atenda às necessidades, sendo localizado no centro, a sua região preferida para morar.

"O cenário de moradia hoje está em um valor que é difícil assumir um compromisso a longo prazo. Tem lugares no centro, onde eu quero morar, que estão custando R$ 500 mil, e um tamanho de 50 m², 60 m². Existem sobrados, casas, com esse mesmo valor, mas mais longe. Então, hoje, para mim, não faz sentido comprar uma casa", afirmou.

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