Apesar do bom desempenho recente das ações mais sensíveis ao ambiente doméstico, conhecidas como cíclicas, as principais carteiras recomendadas de ações para julho têm como prioridade os papéis da Vale e Petrobras, ou seja, empresas ligadas às commodities e, consequentemente, ao preço no mercado internacional. Segundo as casas consultadas, essa prática ocorre devido aos baixos múltiplos dos papéis em relação aos seus pares.
As duas empresas, junto ao Itaú Unibanco, lideram as recomendações para julho, com seis indicações para cada, em levantamento realizado pela Broadcast com 12 dos principais bancos e corretoras que realizam recomendações mensais de ações.
Em relatório, o Santander afirma que a Vale é sua Top Pick do setor de Siderurgia e Mineração, diante de uma preferência pelo minério de ferro versus o aço. "Além disso, vemos a Vale negociando a um valuation atraente: a estimativa para 2025 do valor da empresa sobre o Ebitda está em 3,8x, 26% abaixo da média dos pares australianos; rendimento de FCL [Fluxo de Caixa Livre] de 16%; e dividend yield de 9,0%", destacou o banco.
A Terra Investimentos, uma das casas que recomenda a Petrobras para compor o portfólio mensal, destaca que a estatal é líder no setor de extração de refino de petróleo no Brasil. "Com custos de extração baixos, a empresa apresenta margens brutas de 52%, o que confere alta rentabilidade à operação. Esse desempenho possibilita o pagamento de dividendos atrativos, estimados em 15% para os próximos 12 meses", explicou.
Diante deste cenário, a Terra acrescenta que a Petrobras tem fundamentos sólidos e perspectivas favoráveis, com isso, continua sendo uma oportunidade de investimento, mantendo uma posição de destaque no setor energético.
Ao longo do mês passado, o mercado foi influenciado pelo conflito Israel-Irã e fatores políticos prevalecendo sobre os dados econômicos, do lado externo e doméstico, lembrou a Planner Investimentos em sua carteira recomendada para julho. Internamente, a Planner colocou como maior preocupação a derrubada, pelo Congresso, do projeto do governo de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). "Isso acabou mostrando que há uma relação difícil entre o Executivo e o Legislativo, que pode ser obstáculo para novas propostas à frente."
Hors concours
A ação do Itaú Unibanco compõe o pódio de ações mais recomendadas para julho ao lado de Vale e Petrobras. O que chama a atenção sobre o papel da instituição financeira é sua presença praticamente em todos os meses e numa posição privilegiada: o banco aparece à frente das demais empresas.
No levantamento realizado pela Broadcast, a última vez em que o papel do banco não esteve presente no topo, foi em setembro do ano passado, quando teve a terceira maior indicação para compor as certeiras daquele mês.
A EQI Research colocou a ação do Itaú Unibanco entre as que preservam capacidade de gerar valor no tempo, ao lado dos papéis da Porto e da Prio.
O BTG Pactual, que manteve a indicação do Itaú para julho, explica que a recuperação no acumulado do ano significa que o potencial de alta agora parece mais limitado. "Mas os números recentes do primeiro trimestre foram muito fortes. O Itaú continua a gerar capital significativo, e a administração tem sido notavelmente otimista sobre o potencial de reduzir o custo de atendimento e melhorar a eficiência em seu segmento de varejo", explicou o BTG em relatório.
Demais ações
Depois da liderança empatada das três companhias, aparece a Copel, com cinco indicações para o mês, seguida por um empate quádruplo, com quatro indicações para cada ação, sendo Prio, Eletrobras, Cosan e Bradesco.
Em seguida, com três indicações cada, aparecem nove empresas empatadas, são elas: Equatorial; WEG; JBS; Vibra Energia; BTG Pactual; SmartFit; Localiza, SLC Agrícola e Sabesp. Dos 12 bancos e corretoras consultados, foram 122 indicações para julho, de 61 empresas diferentes.