Economia
16h30 31 Dezembro 2025
Atualizada em 31/12/2025 às 16h30

Mesmo com chuva, Cantareira entra em janeiro perto de atingir nível mais crítico

Por José Maria Tomazela Fonte: Estadão Conteúdo

Os reservatórios do Sistema Cantareira fecharam o mês de dezembro com 20,18% do volume útil, mesmo com as chuvas dos últimos dias na capital. Este é o nível mais baixo do ano e está apenas 0,18% acima da faixa 5, considerada crítica. Volume útil abaixo de 20% obriga a adoção de medidas excepcionais e mais drásticas para garantir o abastecimento, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). As medidas podem incluir o racionamento ou rodízio na distribuição de água.

Na segunda-feira, 29, em entrevista à Rádio Eldorado, a secretária do Meio Ambiente do Estado, Natália Resende, disse que a situação dos reservatórios de água da região metropolitana de São Paulo é preocupante, mas afastou a possibilidade imediata de racionamento. Isso porque o Sistema Integrado Metropolitano, que abrange o Cantareira e outros seis mananciais, fechou dezembro operando com 26,2% da capacidade.

Segundo o governo, embora a onda de calor dos últimos dias tenha aumentado o consumo de água em até 60%, as chuvas contribuíram para manter estáveis os reservatórios. Também contribuiu para a estabilidade a redução na pressão da água que chega aos domicílios da Grande São Paulo no período noturno, entre as 7 da noite e as 5 da manhã. Mesmo assim, moradores de vários bairros da capital reclamam da falta de água.

Nota conjunta emitida nesta quarta-feira, 31, pela ANA e Agência das Águas do Estado de São Paulo (SP-Águas) informa que o Sistema Cantareira continuará operando na Faixa 4 - Restrição, em janeiro. Com isso, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está autorizada a retirar até 23 metros cúbicos por segundo do Cantareira, podendo utilizar também a vazão transposta do reservatório Jaguari, na bacia do rio Paraíba do Sul, que chega a 6 metros cúbicos por segundo.

No comunicado, as agências reforçam a importância "da adoção de medidas operacionais de gestão da demanda pela Sabesp no âmbito dos serviços de abastecimento de água" para preservar o volume de águas do reservatório.

A nota observa que o volume útil do Cantareira baixou em dezembro, mês em que tradicionalmente ocorre uma recuperação dos reservatórios devidos às chuvas. Em 30 de novembro, o volume era de 20,99%. O período chuvoso vai até maio de 2026, mas até agora as chuvas estão abaixo da média.

Muito perto da faixa crítica

As principais faixas de operação do Cantareira, baseadas no volume útil acumulado no último dia do mês, são:

Faixa 1: Normal - Volume útil acumulado igual ou maior que 60%. Permite a captação máxima autorizada (historicamente até 31 m³/s, embora a outorga atual preveja um limite máximo de 27 m³/s).

Faixa 2: Atenção - Volume útil acumulado entre 40% e 60%. A captação de água pela Sabesp é reduzida e medidas de gestão da demanda podem ser implementadas.

Faixa 3: Alerta - Volume útil acumulado entre 30% e 40%. Impõe restrições mais severas à operação e à captação, podendo envolver a redução da pressão da água na rede de distribuição.

Faixa 4: Restrição - Volume útil acumulado abaixo de 30%. A captação é ainda mais limitada e o uso de volume adicional da UHE Jaguari pode ser necessário.

Faixa 5: Especial (Crítica) - Volume útil acumulado abaixo de 20%. Medidas excepcionais e mais drásticas são tomadas para garantir o abastecimento e manter vazões mínimas nos mananciais afetados.

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A gestão do Cantareira é realizada conjuntamente pela ANA e pela SP Águas, que acompanham diariamente os dados de níveis, vazões e armazenamento para subsidiar decisões operativas.

O Sistema Cantareira abastece cerca de metade da população da região metropolitana de São Paulo e contribui para o atendimento dos usos múltiplos da água, com destaque para o abastecimento de Campinas, nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.

É composto por cinco reservatórios interligados: Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro com volume útil total de 981,56 bilhões de litros. Desde 2018, conta também com a interligação entre a represa Jaguari (no rio Paraíba do Sul) e a represa Atibainha, ampliando a segurança hídrica para a região metropolitana da capital.

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