Economia
10h30 05 Setembro 2025
Atualizada em 05/09/2025 às 10h30

Superávit de US$ 6,1 bi na balança comercial mostra força do agro

Por Redação TV KZ

O Brasil finalizou o mês de agosto com um superávit na balança comercial de US$ 6,133 bilhões, representando um crescimento de 35,8% comparado ao mesmo mês de 2024. Este resultado foi impulsionado principalmente pelo agronegócio e pela indústria extrativa, que conseguiram compensar a considerável queda nas exportações para os Estados Unidos, que agora sofre um aumento tarifário de 50% imposto pelo governo anterior.

As exportações totais atingiram US$ 29,8 bilhões, apresentando um aumento de 3,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto a agropecuária contribuiu com US$ 6,6 bilhões (alta de 8,3%), a indústria extrativa alcançou US$ 7,2 bilhões (crescimento de 11,3%). A indústria de transformação, por outro lado, registrou uma leve queda de 0,9%. No entanto, as importações diminuíram em 2%, somando US$ 23,7 bilhões, o que ajudou a equilibrar a balança.

O dado mais preocupante, no entanto, foi a queda de 18,5% nas exportações para os EUA, totalizando apenas US$ 2,76 bilhões, resultando em um déficit bilateral de US$ 1,23 bilhão no mês. Produtos como minério de ferro, açúcar (com queda de 88%) e aeronaves (com redução de 84,9%) foram os mais afetados.

Ainda que a perda de mercado nos EUA seja uma preocupação, a China se firmou como o maior destino das exportações brasileiras. Em agosto, as vendas para o país asiático aumentaram quase 30%, especialmente nas categorias de soja, milho, carnes e ouro, resultando em um superávit de US$ 4,06 bilhões. A Argentina também registrou uma recuperação, com um crescimento de 40,4% nas exportações brasileiras.

No total acumulado de janeiro a agosto, o Brasil apresenta superávit de US$ 42,8 bilhões, em um comércio total de US$ 412,3 bilhões. Esses resultados reforçam a resiliência do comércio exterior brasileiro, embora também ressaltem a dependência de poucos mercados e a fragilidade nas relações com os EUA, o que pode ser problemático em um cenário global instável.

O resultado de agosto reafirma a força do agronegócio e da indústria extrativa como fundamentos da economia brasileira. Contudo, evidencia a vulnerabilidade do Brasil diante de decisões políticas externas, como o aumento nas tarifas imposto pelos Estados Unidos.

Esse episódio deve ser visto como um alerta estratégico. O Brasil não pode subordinar sua economia à disposição de Washington, nem permitir que sua competitividade seja comprometida por medidas arbitrárias. As reações devem ser em duas frentes: Diversificação de mercados, estabelecendo conexões mais profundas com a Ásia, América Latina e União Europeia; e Agregação de valor às exportações, minimizando a dependência da venda de commodities brutas e expandindo a presença internacional com produtos de maior valor agregado.

O superávit de US$ 6,1 bilhões em agosto sem dúvida representa uma vitória temporária. Porém, se não houver transformação desse resultado em estratégia a longo prazo, corremos o risco de continuar vulneráveis a choques externos. O agronegócio demonstrou resiliência, mas o futuro exige não apenas resistência, mas também uma visão estratégica sólida, coragem política e um papel ativo nas negociações internacionais.

VEJA TAMBÉM