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09h20 25 Maio 2025
Atualizada em 25/05/2025 às 09h20

Sem grandes shows, madrugada da Virada Cultural é marcada por música clássica e festas

Por Daniel Vila Nova Fonte: Estadão Conteúdo

Foi-se o tempo em que a madrugada da Virada Cultural de São Paulo era o horário mais disputado do evento. Se nos anos anteriores os grandes artistas se apresentavam ao decorrer das primeiras horas do domingo, em 2025 foi diferente: Luísa Sonza, Belo, Iza e Duda Beat terminaram seus shows ainda no sábado, 24, antes das 23h.

A postura da organização é nova e dividiu a opinião do público. Se para alguns os horários mais cedo dão maior sensação de segurança e são mais cômodos, para outros a nova diretriz acaba indo na contramão do que a Virada Cultural sempre representou. Ou pior, esvazia o centro da Cidade no que deveria ser a noite mais movimentada do ano.

"Tem muita gente que não mora no centro de São Paulo e não vem para cá ou gente que mora por aqui e não conhece o restante da cidade. Ir para um lugar novo de madrugada é complicado, o novo horário permite que as pessoas conheçam a cidade e voltem cedo para casa", afirmou o psicólogo Hélio de Souza, 42.

A engenheira Lílian Pereira, 40, não vê a mudança com bons olhos. "Em 2018, lembro que assisti o Emicida às 4h. Na época, eu me diverti. O ruim é que, quando o show acaba cedo, a pessoa vai embora cedo da Virada. É um jeito implícito de você acabar com a Virada Cultural de madrugada. Vai todo mundo se dispersar após o show e ir embora. Sem atrações, as pessoas não vão ficar na rua", ressaltou.

A maioria dos 21 palcos espalhados ao redor da cidade ficou vazio ao longo da madrugada, mas o Vale do Anhangabaú continuou a receber atrações como o grupo senegalês Orchestra Baobab e o grupo argentino La Delio Valdez. Em horários parecidos no ano passado, no entanto, as atrações eram Pabllo Vittar e Djonga.

Há uma enorme diferença entre a popularidade das opções, o que fez com que o palco principal se esvaziasse ao decorrer da madrugada. A sensação de segurança, no entanto, permaneceu ao longo do evento. Centenas de pessoas andavam pelo centro de São Paulo no início da madrugada e não houve grandes problemas.

Para quem ainda desejava madrugar pela Virada, havia opções. No próprio Vale do Anhangabaú, os intervalos dos principais shows do palco eram agraciados com o ritmo da música e dos remixes paraense da Aparelhagem Crocodilo.

A performance, que mistura tradição, tecnologia e os maiores hits do Pará em um único show, foi comandada pelo DJ Marlon Beats e chamou atenção por um componente inusitado - um crocodilo metálico de 9 metros de comprimento e cerca de 3 metros de altura.

Sucesso absoluto no Pará, é a primeira vez que a aparelhagem se apresentou em São Paulo. Para chegar na capital, uma carreta de 22 metros atravessou o País com o animal metálico para se apresentar na Virada Cultural.

Conhecido por sua setlist eclética, o Tudão Crocodilo tocou ritmos como rock doido, melody, funk, carimbó, merengue e lambada, além, é claro, das já tradicionais versões tecnobrega de hits pop nacionais e internacionais. Nomes como Gaby Amarantos, Viviane Batidão, Jaloo e Gang do Eletro fizeram participações especiais ao longo dos intervalos.

Música clássica, stand-up e festas

Um das atrações mais disputadas da Virada, entretanto, ocorreu em um ambiente pouco propício para festas - o Mosteiro de São Bento. Na virada de sábado para domingo, o maestro João Carlos Martins regeu a Orquestra Bachiana para um público de cerca de mil pessoas.

Segundo a organização do evento, a fila para adentrar o local sacro se iniciou às 21h e continuou extensa após o começo do concerto. Por recomendação dos bombeiros, a quantidade de pessoas que puderam entrar no local foram limitadas, o que frustrou as mais de cem pessoas que aguardavam do lado de fora.

À medida que algumas pessoas iam saindo, no entanto, as pessoas da fila eram admitidas pela organização. Não havia lugares para se sentar e a maioria do público teve de ficar de pé. Uma nova apresentação da Orquestra foi realizada às 3h, mas sem João Carlos Martins.

Outra atração que chamou a atenção do público foi o palco ao lado do Edifício Copan, na República, que recebeu uma dezena de comediantes stand-up ao longo da madrugada. A atração, que se propôs a receber 24 horas de comédia ao longo da Virada, recebeu nomes como Marcelo Marrom, Igor Guimarães e Nando Vianna durante as primeiras horas de domingo.

Por fim, festas já tradicionais da noite paulistana também receberam edições especiais para a Virada Cultural. Na pista República, a ¡SÚBETE! entregou quase seis horas de reggaeton. A pista Aurora e a pista Arouche, respectivamente, receberam as festas Tijolo e Selvagem.

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