O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste sábado, 5, durante o Fórum Empresarial do Brics, o machismo no campo dos negócios, um tema delicado, já que o grupo dos emergentes passou a incluir há dois anos nações que restringem amplamente direitos de mulheres, como Irã e Arábia Saudita e, em menor grau, Egito e Emirados Árabes Unidos.
"O lugar que vocês almejam na participação política, empresarial e de qualquer coisa que quiserem fazer depende única e exclusivamente da ousadia de vocês. Não esperem que nós homens sejamos os autores das conquistas de vocês", disse Lula, em discurso na zona portuária do Rio. "Temos apenas 16% de mulheres no mundo empresarial. É muito pouco, significa que o machismo ainda toma conta dos empresários e quem sabe a economia melhore muito quando as mulheres tomarem conta."
Lula afirmou que a participação feminina é uma "extraordinária novidade" no Brics, com a criação do Grupo de Mulheres Empresárias.
Um sinal claro das diferentes participações sociais de mulheres entre os países do Brics é que Lula citou as representantes das alianças de negócios de mulheres do agrupamento, entre elas empresárias de Brasil, África do Sul, Rússia, China, Egito, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.
Um dos temores de diplomatas que coordenam a participação brasileira no Brics era que a discussão das questões de gênero fosse afetada no grupo, a partir da inclusão dos países membros com regimes de governo baseado em leis religiosas. O termo "gênero" deixou de ser citado no comunicado final de 2024, em comparação com a versão de 2023, embora ambos abordem a participação feminina.
Lula também confirmou uma viagem à Malásia, com provável data de 26 de outubro, para a segunda reunião anual de cúpula da ASEAN. O presidente disse ter aceitado convite do primeiro-ministro da Malásia, Anwar bin Ibrahim, presente no fórum.
Ele também pretende visitar a Indonésia, na mesma viagem, a fim de discutir a preservação de florestas tropicais, com vistas à COP-30. Um dos principais resultados do Brasil deverá ser a obtenção de recursos para o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre, que almeja alcançar US$ 4 bilhões anuais em recursos públicos e privados.
Esse tour de Lula pela Ásia já vinha sendo discutido nos bastidores do governo, como um movimento estratégico em busca de parceiros comerciais alternativos, em meio à guerra tarifária, de forma a escapar à disputa de influência global e dependência econômica de China e Estados Unidos.
O País quer aprofundar laços com a Asean, bloco econômico com o qual já tem um fluxo comercial de US$ 37 bilhões, pouco menos do que o Mercosul, mas com um superávit de US$ 15 bilhões, pautado sobretudo em commodities e produtos agrícolas.
O presidente conclamou empresários brasileiros a organizarem uma missão empresarial a Kuala Lumpur. "Quem quer vender, vai, quem quer comprar, vai. Se ficar esperando as coisas não acontecem", disse Lula.