O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado, 6, que o Brasil não será novamente "colônia de ninguém". Em pronunciamento pelo Dia da Independência, Lula diz que o País não aceitará ordens de "quem quer que seja".
"Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém. Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro", disse Lula.
O Brasil trava uma batalha comercial com os Estados Unidos desde que o presidente Donald Trump impôs tarifas de até 50% a produtos brasileiros. Ao anunciar as tarifas, Trump fez críticas ao governo brasileiro e ao ministro Alexandre de Moraes pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, o presidente dos EUA também mencionou a regulação das big techs.
Durante seu pronunciamento, em um recado à família Bolsonaro, Lula chamou de "traidores" políticos que estimulam ataques ao País.
"É inadmissível o papel de alguns políticos brasileiros que estimulam os ataques ao Brasil. Foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro, mas defendem apenas seus interesses pessoais. São traidores da pátria. A História não os perdoará", afirmou.
Lula defendeu a independência entre os Poderes e disse que o País cumpre a Constituição Federal. "Isso significa que o presidente do Brasil não pode interferir nas decisões da justiça brasileira, ao contrário do que querem impor ao nosso País."
O presidente também falou a favor da regulação da redes, que tem sido usada por Trump como argumento para impor tarifas ao Brasil.
"Reconhecemos a importância das redes digitais. Elas oferecem informação, conhecimento, trabalho e diversão para milhões de brasileiros, mas não estão acima da lei. As redes digitais não podem continuar sendo usadas para espalhar fake news e discurso de ódio. Não podem dar espaço à prática de crimes como golpes financeiros, exploração sexual de crianças e adolescentes e incentivo ao racismo e à violência contra as mulheres", disse.
Na semana passada, o Senado aprovou um projeto de lei que estabelece regras para o uso das redes por crianças e adolescentes. A medida, conhecida como "ECA digital", em referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente, impõe sanções a empresas que descumprirem a legislação, podendo até suspender as redes.
O projeto foi aprovado após clamor popular por maior vigilância na internet. O tema entrou no centro do debate depois de um vídeo do youtuber Felca sobre os riscos da exposição de crianças e adolescentes nas redes.
Ontem, 5, Lula afirmou que acredita que a relação entre os EUA e o Brasil voltará à normalidade, mas fez a ressalva de que, no momento, autoridades brasileiras não têm conseguido estabelecer diálogo com o país governado por Trump.