Os venezuelanos, ainda se recuperando do resultado da eleição presidencial do ano passado, não responderam neste domingo (25) aos apelos do governo para votar em legisladores, governadores e outras autoridades. Isso deixou os centros de votação praticamente vazios em alguns momentos e colocou as autoridades na defensiva.
A eleição, que a oposição pediu à população para boicotar, é a primeira a permitir ampla participação eleitoral desde a disputa presidencial do ano passado, que o presidente Nicolás Maduro alegou ter vencido, apesar das evidências em contrário. Ela ocorre dois dias depois de o governo ter detido dezenas de pessoas, incluindo um importante líder da oposição, e as ter associado a um suposto complô para impedir a votação.
Durante todo o dia, membros das forças armadas superaram em número os eleitores em muitos centros de votação na capital, Caracas, onde não se formaram filas do lado de fora, em forte contraste com o entusiasmo da eleição presidencial de 28 de julho, quando algumas pessoas esperaram durante a noite nas filas, que se estenderam por quarteirões.
"Não vou votar", disse o caminhoneiro Carlos León, de 41 anos, parado perto de uma seção eleitoral às moscas no centro de Caracas. "Não acredito [na autoridade eleitoral]. Não acho que eles respeitarão o voto. Ninguém esquece o que aconteceu nas eleições presidenciais. É triste, mas é verdade."
A participação eleitoral, aos olhos da oposição, legitima a reivindicação de Maduro ao poder e o aparato repressivo de seu governo. Uma pesquisa nacional realizada entre 29 de abril e 4 de maio pela empresa de pesquisa Delphos, sediada na Venezuela, mostrou que apenas 15,9% dos eleitores expressaram alta probabilidade de votar no domingo.
Destes, 74,2% disseram que votariam nos candidatos do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seus aliados, enquanto 13,8% disseram que votariam em candidatos associados a dois líderes da oposição que não estão boicotando as eleições.
Fonte: Associated Press