A importância do consumo de carne vermelha tem sido amplamente debatida nos últimos anos. Enquanto muitos defendem dietas completamente livres de proteínas de origem animal, profissionais de saúde e pesquisas recentes ressaltam que a carne, quando consumida de forma equilibrada, é vital para o corpo humano.
Para explorar essa temática, A Protagonista entrevistou a nutricionista Gabriela Pereira, que acumula mais de 18 anos de experiência e é criadora do conceito “dieta feliz”. Em uma linguagem clara e objetiva, ela discute a relevância da proteína animal, desmistifica algumas crenças relacionadas à carne vermelha e aborda questões como consumo consciente, saúde da mulher e sustentabilidade.
A nutricionista enfatiza que a proteína animal exerce um papel crucial na nutrição humana, sendo essencial para funções vitais. “A proteína é fundamental para a reparação de tecidos, pele, cabelo, unhas, massa muscular, produção de enzimas, neurotransmissores, hormônios e fortalecimento do sistema imunológico.”
Além disso, Gabriela ilustra a diferença entre proteínas de origem animal e vegetal. A primeira é completa, pois contém todos os aminoácidos essenciais, aqueles que o corpo humano não pode produzir sozinho. As proteínas vegetais, em contrapartida, requerem combinações alimentares (como arroz e feijão) e geralmente têm menor taxa de absorção devido à presença de taninos e fitatos.
Segundo Gabriela, a visão negativa em relação à carne vermelha se originou de pesquisas antigas que não diferenciavam os tipos de carne e não consideravam populações saudáveis. “Esses estudos frequentemente analisavam alimentos ultraprocessados ou grupos sedentários, fumantes e com excesso de peso, o que torna os resultados questionáveis.”
Pesquisas mais recentes, incluindo revisões sistemáticas, mostram que o consumo moderado de carne magra, até 500 g por semana, não está associado a riscos de doenças cardiovasculares, câncer ou inflamações. Ela destaca consensos de entidades como a Organização Mundial da Saúde, a American Heart Association e a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
A nutricionista orienta que a variedade é essencial para assegurar todos os nutrientes necessários:
“Cada tipo de proteína tem um perfil nutricional único. O equilíbrio é crucial.”
Com o passar do tempo, as mulheres experimentam perda natural de massa muscular (sarcopenia). Por essa razão, segundo Gabriela, o consumo de proteína torna-se ainda mais importante. “Ela é vital para a construção muscular. A leucina atua como um ‘gatilho’ para a síntese proteica, funcionando como tijolos na construção do músculo.”
A recomendação é de 25 a 35 g de proteína por refeição, equivalente a 100–150 g de carne, frango ou peixe. A proteína também é capaz de acelerar o metabolismo e aumentar a sensação de saciedade, ajudando na manutenção do peso.
Gabriela esclarece que a proteína gera um efeito termogênico, demandando mais calorias para a digestão, e colabora no controle da glicemia e insulina. “Incluir proteína em praticamente todas as refeições promove saciedade prolongada, auxiliando no emagrecimento e no ganho de massa muscular.”
Isso se aplica ao café da manhã, lanches intermediários e refeições principais.
Ela também toca no tema carne, sustentabilidade e bem-estar animal, afirmando que consumir de maneira consciente não significa eliminar a carne, mas ingeri-la com ética e evitando desperdícios. “A melhor alimentação é aquela proveniente da natureza.”
A nutricionista sugere priorizar carnes de animais alimentados a pasto, evitar alimentos ultraprocessados (como salsichas e embutidos) e aproveitar toda a parte do alimento (por exemplo, o caldo de ossos). Esse hábito, quando combinado com vegetais, legumes e grãos, promove uma dieta saudável, completa e sustentável.