Saúde
18h20 24 Dezembro 2025
Atualizada em 24/12/2025 às 18h20

Médicos de Bolsonaro avaliam procedimento incomum para crise de soluço

Por Isabela Moya Fonte: Estadão Conteúdo

O ex-presidente Jair Bolsonaro deve passar por um novo procedimento médico no início da próxima semana para tratar a crise de soluço, afirmou Cláudio Birolini, cirurgião que irá conduzir o tratamento, em entrevista para a imprensa.

Trata-se de um bloqueio anestésico do nervo frênico, que não é um procedimento comum para curar soluços, mas está sendo avaliado como uma opção pela equipe médica de Bolsonaro.

O procedimento não cirúrgico deve ocorrer após alguns dias de recuperação da cirurgia de hérnia inguinal bilateral, que será feita nesta quinta-feira, 25. A estimativa é de que a operação dure entre 3 e 4 horas e o ex-presidente fique internado por 5 a 7 dias.

"Está previsto o bloqueio anestésico do nervo frênico, que é uma anestesia do nervo que inerva o diafragma. Depois da cirurgia de hérnia, vamos reavaliar a situação e ver se convém fazer esse bloqueio anestésico, que é um procedimento relativamente seguro, mas que não é o padrão de tratamento de soluço, então a gente precisa ver se o benefício justifica o risco", disse Birolini.

Diferente da cirurgia da hérnia pela qual o ex-presidente passou em abril, de caráter emergencial, em que havia uma série de variáveis que os médicos não tinham controle, é esperado que esta cirurgia ocorra "sem maiores intercorrências", segundo o médico.

Na época, foi feita a correção das hérnias que "deformavam" o abdomen de Bolsonaro. "Foi colocada uma tela que ocupa toda a parede abdominal anterior dele. Isso causa uma diminuição da elasticidade da parede abdominal, levando a um aumento secundário da pressão intrabdominal", explica o cirurgião.

Posteriormente, o ex-presidente passou a ter crises intensas de soluço, que também causam um aumento da pressão intrabdominal. Com isso, ele voltou a sentir incômodo, tornando necessária mais uma cirurgia para as hérnias.

"Ele já tinha uma fraqueza da parede adbominal na região ingnal. Esse aumento da pressão abdominal resultante da cirurgia e das crises de solução fez com que essa fraqueza se manifestasse clinicamente através de uma hérnia ingnal. Daí a necessidade da cirurgia", continua Birolini, que reforça a cirurgia não atua nas crises de soluço, o que seria resolvido pelo procedimento anestésico na próxima semana.

A hérnia acontece quando há uma frouxidão ou abertura na parede abdominal/pélvica que permite o extravasamento de alças do intestino ou de outros tecidos por meio dessa abertura. O quadro leva à formação de um caroço e pode trazer dor e desconforto, em especial durante esforço físico.

Quando esse extravasamento ocorre na região da virilha, a hérnia é chamada de inguinal. Ela é considerada bilateral quando atinge a virilha direita e a esquerda simultaneamente.

"É realizado um corte de cada lado da virilha, a hérnia é empurrada para dentro, é feita uma sutura da área fraca e, na sequência, um reforço tecidual com uma tela de propileno", explica o médico que realizará a cirurgia nesta quinta-feira.

Questionado se Bolsonaro irá precisar de cuidados médicos específicos após o período de internação, ao retornar para a cela onde está preso na Polícia Federal, Birolini disse que a solicitação de profissionais de saúde poderá ser feita mediante necessidade.

"Se, em um determinado momento, a gente achar que ele tem condições de retornar, ele vai voltar (para a cela). E se houver necessidade de algum cuidado especial durante a carceragem, a gente estuda qual a melhor forma de lidar com isso. Se for o caso, solicitando autorização para visita de enfermeiro, médico, fisioterapeuta", disse.

Já de acordo com o cardiologista do ex-presidente, Brasil Ramos Caiado, Bolsonaro apresenta quadros de depressão e ansiedade prévios, potencializados pela preocupação pré-operatória.

"O presidente está deprimido, um pouco pela situação que ele está passando, e bastante ansioso. A ansiedade leva a um quadro recorrente de soluço, que atrapalha o sono dele", disse o médico, acrescentando que Bolsonaro está medicado tanto para as crises de soluço quanto para as questões de saúde mental.

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