Futebol Internacional
15h50 05 Setembro 2025
Atualizada em 05/09/2025 às 15h50

Independiente repudia eliminação e detona Conmebol por 'condenação injusta e política'

Um dia após ser eliminado da Copa Sul-Americana após graves incidentes entre sua torcida e a da Universidad de Chile durante o embate de volta das oitavas de final, em Avellaneda, na Argentina, com cenas brutais de violência nas arquibancadas, o Independiente resolveu declarar guerra à Conmebol. Em carta oficial enviada para o presidente Alejandro Dominguez, o clube detonou o dirigente e lamentou uma "condenação injusta e política."

"De nossa maior consideração: o clube Atlético Independiente, associação civil sem fins de lucro com mais de 120 anos de história e mais de 170 mil sócias e sócios, se dirige a você para manifestar seu mais enérgico repúdio frente à decisão proferida pela entidade que preside, que ignora suas normas vigentes e condena injustamente nossa instituição", iniciou a carta endereçada para Alejandro Domínguez.

O clube de Avellaneda reclama da postura distinta direcionada às duas equipes envolvidas na confusão. "O contraste é evidente: enquanto o Independiente representa a essência do futebol sul-americano como instituição social e esportiva, sustentada por seus sócios e sócias, a Universidade do Chile mudou para um modelo de sociedade anônima, orientado para a rentabilidade e a especulação empresarial. Ao decidir a seu favor, a Conmebol não apenas viola seu próprio estatuto e jurisprudência, mas também confirma uma trajetória em que os lucros superam a verdade esportiva", disparou.

A Conmebol não apenas anunciou a exclusão do Independiente como ainda o condenou a pagar multa de US$ 150 mil (aproximadamente R$ 815 mil). Ainda o puniu com sete jogos caseiros com portões fechados e outros sete sem torcida como visitante, punição também aplicada ao time chileno, já garantido nas quartas de final da Copa sul-americana.

O Independiente, totalmente revoltado com a "decisão política" da Conmebol, também ataca o oponente e joga a culpa da briga aos chilenos, que na volta do intervalo começaram a atirar pedras em direção aos locais. Foram ao menos 195 feridos, 10 com gravidade após os torcedores mandantes conseguirem acessar a área dos visitantes e encurralar dezenas de chilenos.

"Esta decisão não constitui um erro jurídico de um tribunal: é uma decisão política que expõe a preferência por estruturas privadas por meio das quais é mais fácil projetar acordos, negócios e benefícios futuros", acusou os argentinos. "O futebol de clubes, sustentado por mais de um século pelo sacrifício de milhões de torcedores, é, portanto, relegado a um modelo alheio aos valores sociais que deram origem às nossas instituições."

A diretoria argentina ainda prevê um precedente perigoso para o futuro das competições do continente caso a Conmebol não reveja sua decisão. "A decisão da Conmebol estabelece um precedente desastroso: um time que estava à frente na série (fez 1 a 0 na ida e segurava o empate), mas enfrentou a possibilidade real de ser ultrapassado em campo, recorreu à violência mais brutal contra a torcida adversária, teve a partida cancelada e recebeu a classificação como "recompensa" de um escritório. Em outras palavras, a violência tornou-se um atalho para evitar competir esportivamente até o final", continuou o protesto argentino.

Ainda questionou palavras que são sempre usadas pela entidade da América do Sul para promover suas competições. "O Independiente sempre defendeu uma crença inabalável: as partidas devem ser decididas em campo e nunca sob a pressão daqueles que tentam distorcer a história com golpes. É incrível que suas próprias palavras, em outro momento da história, tenham sido: "O futebol não se ganha com pedras ou agressões, se ganha pelos jogadores no jogo". Essa decisão contradiz essa visão e envia uma mensagem devastadora e contraditória para toda a América do Sul: os violentos sempre podem se safar."

Ciente que nada vai mudar a decisão da Conmebol sob o comando de Alejandro Domínguez, o Independiente optou por um pedido inusitado: que a entidade retire tudo o que é relacionado ao clube de seu museu.

"É inaceitável, então, que tentem usar a história e a glória do Independiente - com nossos títulos, nossos jogadores e até mesmo nossas contribuições materiais ao Museu da Conmebol - para continuar legitimando uma liderança que abandonou o espírito do futebol sul-americano", frisou. "Exigimos de maneira imediata que se elimine toda referência de nossa instituição no Museu da Conmebol enquanto você continuar na presidência."

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