Conflitos
19h50 30 Junho 2025
Atualizada em 30/06/2025 às 19h50

Exército de Israel mata mais de 60 palestinos em bombardeio contra café e ataques no sul

Por Redação, O Estado de S. Paulo Fonte: Estadão Conteúdo

O Exército israelense matou ao menos 67 palestinos na Faixa de Gaza nesta segunda-feira, 30, com ataques aéreos e terrestres.

Testemunhas e autoridades de saúde do território informaram que cerca de 30 pessoas morreram em um bombardeio em um café e outras 22 enquanto tentavam obter comida - algo que virou rotina em Gaza desde que uma entidade privada americana contratada por Israel passou a ser responsável pela distribuição.

O restante das vítimas morreu em outros dois ataques de soldados israelenses em uma rua na Cidade de Gaza, no norte do território, de acordo com o hospital Al-Shifa.

O ataque aéreo atingiu o café Al-Baqa, localizado no litoral da Cidade de Gaza. O local é um dos poucos espaços de lazer que sobraram no território palestino e serve como ponto de encontro para moradores que buscam acesso à internet e energia para carregar seus celulares.

Testemunhas relataram que o café estava lotado de crianças e mulheres no momento do ataque. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram corpos ensanguentados no chão e os feridos sendo carregados em cobertores. "Sem aviso, de repente, um avião atingiu o local, sacudiu como um terremoto", declarou uma testemunha identificada como Ali Abu Ateila à agência de notícias Associated Press.

Dezenas ficaram feridas, disse Fares Awad, chefe do serviço de emergência e ambulância do Ministério da Saúde no norte da Faixa de Gaza. Segundo ele, muitos se encontram em estado crítico.

Ataque em centro de distribuição de alimentos

No sul, os soldados israelenses mataram palestinos que tentavam obter comida em um centro de distribuição operado pela entidade americana Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla original), de acordo com testemunhas, hospital e o Ministério da Saúde de Gaza.

As mortes nos centros de distribuição se tornaram frequentes desde que a GHF passou a realizar a operação, há cerca de um mês. Mais de 500 pessoas foram mortas desde que o novo esquema de distribuição começou.

O incidente desta segunda ocorreu a cerca de 3 quilômetros do centro de distribuição. De acordo com testemunhas, os palestinos retornavam do local pela única rota acessível quando foram alvejados pelos soldados. "Estávamos voltando do centro de ajuda e fomos alvos da artilharia (israelense)", declarou um palestino identificado como Monzer Hisham Ismail.

O Exército israelense afirmou investigar as informações sobre os ataques. Em outras ocasiões, o Exército justificou as mortes como uma resposta a "pessoas que se movem de forma agressiva ou se aproximam demais das tropas", incluindo durante a entrega da ajuda humanitária - cada vez mais necessária em Gaza, devido à escassez de alimentos e miséria crescente entre os palestinos.

Operações terrestres em Gaza

Os ataques na Cidade de Gaza ocorreram enquanto os militares israelenses intensificam seus bombardeios na cidade e no campo de refugiados de Jabaliya, nas proximidades. No domingo e nesta segunda-feira, Israel emitiu ordens de retirada para grandes áreas do norte de Gaza.

Palestinos relataram bombardeios massivos entre a noite deste domingo e manhã desta segunda. Eles descreveram os novos ataques como uma campanha de "terra arrasada" que teve como alvo principalmente prédios vazios e infraestrutura civil acima do solo.

"Eles destroem tudo o que resta de pé. O som dos bombardeios não para", disse à AP Mohamed Mahdy, um morador da Cidade de Gaza que abandonou sua casa após ela ser destruída nesta segunda.

Awad, chefe dos serviços de emergência e ambulância, disse que a maior parte da Cidade de Gaza e de Jabaliya ficou inacessível, o que impediu a locomoção de ambulâncias para atender aos pedidos de socorro de pessoas presas nos escombros.

O Exército israelense declarou que tomou várias medidas para notificar os civis sobre as operações. Eles disseram que elas visam atingir os centros de comando e controle militar do Hamas no norte de Gaza. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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