Conflitos
13h20 09 Maio 2025
Atualizada em 09/05/2025 às 13h20

Putin exibe pela primeira vez drones usados contra Ucrânia e caças, em desfile com Lula e Xi

Por Felipe Frazão, enviado especial Fonte: Estadão Conteúdo

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, usou o desfile militar de celebração dos 80 anos do fim da 2ª Guerra Mundial para exibir seu poderio bélico empregado na guerra na Ucrânia e reforçar laços políticos. Segundo o Kremlin, a parada militar do Dia da Vitória expôs pela primeira vez quatro tipos de drones disparados contra a Ucrânia, inclusive modelos de ataque suicida.

Os presidentes da China, Xi Jinping, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foram as lideranças globais de maior destaque na festividade de Putin e assistiram ao desfile dos armamentos na Praça Vermelha. Ao menos 23 chefes de Estado e de governo compareceram, dos cerca de 30 previstos, conforme registros oficiais - parte deles mandou representantes.

Em sua maioria, apareceram líderes da Ásia, da África e de ex-repúblicas soviéticas simpáticos a Putin. Das Américas, apenas Lula e os ditadores da Venezuela, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel.

Lista de veículos aéreos não tripulados exibidos pela primeira vez no desfile militar russo:

- Drone Zala Lancet-51 e Zala Lancet-52 transportado em caminhão Kamaz

- Drone Orlan-10 e Orlan-30

- Drone Geran-2 (origem iraniana Shahed)

- Drone Harpia

A Ucrânia afirma que parte desses drones atingiram infraestrutura civil no país, que a Rússia nega atingir deliberadamente. A apresentação oficial da TV russa afirmou que os drones vem sendo largamente usados, de forma efetiva, na Ucrânia, para reconhecimento aéreo, ataque de fogo e eliminação de blindados inimigos.

A Presidência da Federação Russa disse que desfilaram a pé 55 unidades militares, com mais de 11,5 mil soldados na Praça Vermelha - cerca de 1,5 mil deles participaram de combates na Ucrânia - a invasão é chamada na Rússia de "operação militar especial".

A coluna mecanizada, que desfilou na segunda parte da parada, foi aberta pelo tanque histórico T-34 e carros de artilharia SU-100. Os blindados Tiger-M e VPK-Ural, bem como ambulâncias blindadas Linza.

As forças russas expuseram ainda veículos de reconhecimento de combate BRM-1K, veículos blindados de transporte de pessoal BTR-82A, veículos de combate de infantaria BMP-2M, veículos de combate aerotransportados BMP-3, Kurganets-25, BMD-4 e BTR-MDM Rakushka, e tanques T-72BZM, T-80BVM e T-90M Proryv.

Houve ainda a passagem diante dos líderes dos sistemas de artilharia autopropulsada, sistemas de mísseis de alta precisão Iskander-M, sistema de mísseis antiaéreos S-400 Triumph e lançadores de mísseis Yars.

No encerramento do desfile, o poder aéreo russo voltou ao centro das atenções, com a passagem não apenas de aviões de transporte, mas com o sobrevoo de caças Mig-29 e principalmente o Sukhoi, nas versões 25 e 30.

Por causa do conflito em si, no entanto, a parada vem sendo menor do que antes, já que os equipamentos estão desdobrados em terreno ucraniano e na fronteira. E muitos foram destruídos.

Em recente artigo, a revista The Economist classificou a redução no tamanho como um sinal de fraqueza e citou dados que mostram uma queda nos equipamentos militares exibidos entre 2021 e 2024. Foram 2000 veículos há quatro anos e 912 no ano passado.

Como era esperado, Putin fez da comemoração de vitória na 2ª Guerra Mundial um palanque para seus argumentos e recados sobre a guerra na Ucrânia. Da tribuna, mandou recado direto em apoio aos militares russos no campo de batalha.

O governo de Volodmir Zelenski protestava justamente pelo fato de líderes estrangeiros atenderem ao convite de Putin para o que se transformaria numa plataforma do que chama de propaganda russa.

Sem aceitar a proposta de cessar-fogo de 30 dias combinada entre Estados Unidos e Ucrânia, Putin decretou três dias de cessar fogo unilateral, o que coincidiu com as festividades em Moscou. Zelenski chamou a decisão de teatral.

No fim, a promessa foi quebrada e nos três dias que antecederam a celebração ataques de drones ucranianos contra Moscou levaram ao fechamento do espaço aéreo russo e ao caos em aeroportos, afetando cerca de 60.000 passageiros e 350 voos.

Mesmo líderes estrangeiros, como o premiê eslovaco Robert Fico e o presidente sérvio Aleksander Vucic, tiveram dificuldades em chegar. Países europeus próximos e que estava na rota negaram sobrevoo, segundo a imprensa local. A União Europeia havia recomendado que eles não fossem a Moscou.

O presidente russo abraçou generais de outros países ao fim do desfile, em agradecimento à colaboração militar. Ele também homenageou combatentes e veteranos. Marcharam na parada unidades de Azerbaijão, Belarus, Casaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Usbequistão, Vietnã, Egito, China, Laos, Mongólia e Mianmar.

O comandante em chefe da Força Terrestre, general de Exército Oleg Salyukov, liderou a parada, encerrada com a revista da tropa pelo ministro da Defesa, Andrei Belousov.

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