A Fitch Ratings rebaixou a perspectiva para os setores de varejo e produtos de consumo dos Estados Unidos de "neutra" para "deterioração" em seu relatório mais recente, refletindo a crescente incerteza em torno das tarifas comerciais e o enfraquecimento do sentimento do consumidor.
Segundo a agência, a nova projeção para 2025 aponta para uma queda de receita líquida de médio dígito entre varejistas de bens leves, como vestuário e calçados - impacto que deve se traduzir em recuos de dois dígitos médios no Ebtida dessas empresas.
A instabilidade tarifária, que envolve países-chave como China, Vietnã e Camboja, é apontada como principal fonte de pressão. A Fitch destaca que, após uma decisão judicial federal dos EUA em 29 de maio, os riscos permanecem, em um cenário ainda sem acordo comercial duradouro. O aumento dos custos com importação, aliado à dificuldade de precificação em um ambiente volátil, pressiona as margens e pode levar a liquidações agressivas ou perda de participação de mercado.
Entre as empresas avaliadas, a Capri Holdings Limited (BB/Negativa) é a que apresenta a menor margem de manobra. A alavancagem EBITDAR da dona da Versace já ultrapassou o limite de 3,0x estabelecido pela Fitch, com risco adicional relacionado à queda na confiança dos consumidores.
Levi Strauss & Co. (BBB-/Estável), Macys Inc. (BBB-/Estável), Kohls (BB-/Negativa), Nordstrom (BB/Estável) e Samsonite Group (BB+/Estável) também têm situação mais frágil: a Fitch espera que todas possam atingir ou ultrapassar seus limites de alavancagem EBITDAR em 2025, com recuperação projetada apenas para 2026.
Já Signet Jewelers Limited (BBB-/Estável) e Dillards Inc. (BBB-/Positiva) são vistas como mais resilientes, com espaço confortável dentro de suas classificações e estrutura de capital robusta.
A Fitch acredita que, como em crises anteriores, companhias mais sólidas devem preservar liquidez por meio da suspensão de recompras de ações, redução de dividendos e adiamento de investimentos.
* Com informações da Dow Jones Newswires