Economia
18h50 19 Dezembro 2025
Atualizada em 19/12/2025 às 18h50

Ibovespa em leve alta por 2º dia, insuficiente p/evitar perda de 1,43% na semana

Por Luís Eduardo Leal Fonte: Estadão Conteúdo

O Ibovespa seguiu o roteiro da acomodação, em marcha lenta de recuperação desde a volatilidade que se impôs há duas semanas, em 5 de dezembro, quando o risco político voltou a traçar limites ao apetite por ativos como ações. Antes da piora do ambiente eleitoral, o mercado acionário vinha sendo favorecido pela perspectiva de juros mais baixos nos EUA e também no Brasil, no primeiro trimestre de 2026. Sem desdobramentos nesta sexta-feira, 19, que levassem os participantes a operar em cima do noticiário de Brasília e da corrida presidencial do próximo ano, o índice da B3 subiu 0,35%, aos 158.473,02 pontos, no fechamento da sessão, com giro a R$ 32,3 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções sobre ações.

O desempenho desta sexta não foi suficiente para apagar perda de 1,43% na semana e de 0,38%, até aqui, no mês - na semana anterior, tinha mostrado retomada de 2,16%. No ano, o Ibovespa sobe 31,75%. Da mínima à máxima do dia, oscilou dos 157.906,06 até os 159.551,94 pontos, tendo saído de abertura aos 157.928,31. Foi o segundo dia de recuperação parcial do índice, que veio de tombo de 2,40% na terça-feira, seguido por perda de 0,79% na sessão seguinte. Quinta, havia avançado 0,38%.

Em dia com ganhos entre 0,38% (Dow Jones) e 1,31% (Nasdaq) no fechamento de Nova York, o Ibovespa lutou em boa parte da sessão por ao menos reaver o nível de 159 mil pontos, após ter renovado recorde intradia a 165 mil pontos, há exatamente duas semanas. Desde então, conseguiu sair de 157 mil para 162 mil pontos, em fechamento da última segunda-feira, no melhor momento da recuperação moderada que sucedeu o 'Flávio Day': como ficou conhecido o tombo de 4,31%, o maior desde fevereiro de 2021, na sessão de 5 de dezembro, quando do anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República.

Nesta última sessão do intervalo, o Ibovespa contou com o apoio dos carros-chefes das commodities - Vale (ON +0,71%) e Petrobras (ON +0,71%, PN +0,36%) - e das ações de bancos (destaque para Itaú PN +0,92%), uma combinação que costuma assegurar alta para o índice de referência da B3, pela participação que detêm em sua composição ponderada. Na ponta ganhadora do Ibovespa, Braskem (+6,56%), CVC (+4,12%) e IRB (+2,50%). No lado oposto, CSN Mineração (-4,01%), CSN (-3,23%) e Cyrela (-2,39%).

"O início do ciclo de cortes da Selic deve catalisar o fluxo local para ações, movimento que historicamente impulsiona o Ibovespa. Nos últimos cinco ciclos, o índice avançou em 60% dos casos nos seis meses anteriores ao primeiro corte e em 100% nos seis meses seguintes", aponta Bruna Sene, analista de renda variável da Rico. "Nos Estados Unidos, o último dado referente ao mercado de trabalho (payroll) reforçou a percepção de que o Banco Central americano (Fed) deve manter uma postura paciente, com expectativa majoritária de manutenção da taxa de juros na reunião de janeiro", acrescenta a analista.

"Enquanto aguarda a votação do Orçamento 2026, o mercado local respira e tenta voltar a patamar positivo em dezembro, corrigindo quedas anteriores, e de olho, ainda, em movimentações eleitorais", diz Bruno Perri, economista-chefe, estrategista e sócio-fundador da Forum Investimentos. "Especulações e rumores de mercado de que pesquisas na semana que vem mostrarão o enfraquecimento marginal da candidatura de Lula ajudam no otimismo, em dia de agenda mais fraca por aqui."

Para Bruna Centeno, economista na Blue3 Investimentos, a recuperação vista neste complemento de semana foi favorecida pelo ajuste de baixa na curva do DI e por retomada também nas bolsas de Nova York, o que contribuiu para a seleção de papéis descontados, como de bancos como Itaú e Bradesco (ON +0,89%, PN +0,93%). "Isso contribuiu para deixar os ruídos políticos um pouco em segundo plano, na sessão."

Após uma semana carregada de documentos e indicações importantes, como a ata do Copom, na terça-feira, a última sessão do intervalo foi relativamente tranquila, na ausência de novos "gatilhos" para os negócios, observa Rachel de Sá, estrategista de investimentos da XP. "A semana foi de volatilidade também nos Estados Unidos, com as dúvidas em torno do setor de IA e as posições sobre o que o Federal Reserve fará, para frente, com relação aos juros americanos. O mercado ainda é de vol volatilidade, em especial no setor de tecnologia dos Estados Unidos."

O quadro das expectativas para as ações no curtíssimo prazo manteve-se inalterado no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta. Entre os participantes, 60% esperam alta para o Ibovespa na próxima semana, contra 20% que preveem estabilidade e outros 20%, queda, exatamente como na edição anterior.

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