A multinacional chinesa Lenovo fechou um novo contrato, no valor de R$ 150 milhões, com a Petrobras para fornecer computadores e outros equipamentos da sua linha de alta capacidade (as chamadas workstations, no jargão do setor de informática). Ao todo serão entregues 2,5 mil computadores, dispositivos móveis, unidades de processamento (GPUs) e racks para o data center da petroleira. Os itens contam com chips da Nvidia.
Este é o segundo grande contrato da Petrobras obtido recentemente pela Lenovo, que saiu vencedora dos editais públicos. No anterior, avaliado em um total de R$ 500 milhões, a fabricante chinesa acertou a venda de um pacote de cinco supercomputadores. O maior deles, batizado de Harpia, entrou em operação em outubro. Ele tem 50 toneladas e uma capacidade de processamento equivalente a 200 mil notebooks.
"Os novos computadores e demais equipamentos serão utilizados junto com o Harpia", afirmou o Diretor Geral de Produtos e Infraestrutura da Lenovo no Brasil, Erick Pascoalato, em entrevista coletiva nesta terça-feira, 2, para apresentação do plano de negócios do grupo.
A Lenovo tem três fábricas no Brasil, localizadas em Manaus (AM), Indaiatuba (SP) e Jaguariúna (SP), sendo que a última produz 14 milhões de celulares por ano da marca Motorola, que é parte do grupo. A empresa diz que investiu R$ 950 milhões nos últimos 12 anos em pesquisa e desenvolvimento por aqui. Ao todo, tem 2,1 mil funcionários.
Agora, a companhia está incluindo na sua produção local a nova linha de workstations voltada ao público empresarial, com os modelos P2 Tower Gen 2, P3 Tower Gen 2 e ThinkPad P16v Gen 3, que também carregam chips na Nvidia, do mesmo tipo vendido para a Petrobras. "A nova linha passará a ser produzido aqui para redução de custos, ganho de escala e maior velocidade de entregas", afirmou o Gerente de Desenvolvimento de Produto, Daniel Bittencourt.
O mercado de computadores de alta capacidade no Brasil deu um salto nos últimos anos, passando de 14,6 mil unidades vendidas em 2019 para 58,3 mil em 2024. Essa disparada é reflexo da digitalização da economia e da demanda empresarial crescente por máquinas capazes de lidar com mais dados e inteligência artificial.
Na avaliação da Lenovo, há espaço para continuidade do crescimento ao longo dos próximos dez anos, ainda que em ritmo menor. Com isso, a multinacional está de olho na demanda das empresas de óleo e gás, engenharia e arquitetura, indústria de transformação, bancos, mídia e entretenimento, e educação superior. Juntos, esses setores têm potencial para movimentar US$ 800 milhões em workstations. "São setores extremamente estratégicos e com crescimento bastante acelerado", apontou Bittencourt.
Armazenamento
Outro foco da chinesa no Brasil é o mercado de storage, que diz respeito ao armazenamento de dados de empresas. Esse é um setor cujo faturamento anual deve passar dos atuais US$ 260 milhões para US$ 323 milhões até 2029. A razão para isso está na maior necessidade de servidores para empresas guardarem dados das suas operações.
"Dado é o novo ouro. E ninguém guarda ouro em qualquer lugar", disse Marcos Café, Diretor de Soluções de Armazenamento da Lenovo na América Latina. Segundo ele, há empresas que voltaram a optar por ter servidores próprios para reforçar a autonomia, segurança e reduzir a dependência de servidores de terceiros.
A companhia entrou nesse mercado, por aqui, em 2018, e tem a pretensão de atingir a liderança em 2027. Nos últimos anos, vem ampliando a receita na faixa dos dois dígitos, atendendo clientes que buscam equipamentos para usar como bancos de dados e backup, computação de alto desempenho, streaming de áudio e vídeo, vigilância por câmeras, entre outras atividades.
Assim como no caso das workstations, a multinacional também está trazendo uma nova linha de equipamentos de storage para o Brasil (chamado Storage de Series), com fabricação que passará a ser local, voltado para atender desde pequenas a grandes empresas.