O dólar rompeu o teto da banda cambial móvel e pode forçar o Banco Central da Argentina (BCRA) a intervir com vendas da moeda norte-americana, de acordo com operadores do mercado e múltiplos veículos da imprensa local.
Entre as distintas cotações atualmente em vigor, o chamado "dólar no atacado" chegou a operar em 1.474,50 pesos argentinos, segundo o economista e investidor Christian Buteler.
No X, o também operador de câmbio Gustavo P Quintana disse que o BCRA vendeu US$ 10 milhões assim que a divisa tocou nesse nível.
Em seguida, Quintana recuou ao esclarecer, com base em algumas fontes, que não houve intervenção e que a breve pressão vendedora observada nas mesas teria vindo do setor privado. O limiar para a uma interferência estaria em 1.475,23, conforme as mesmas fontes.
Pelo regime de câmbio estabelecido pelo governo, com a anuência do Fundo Monetário Internacional (FMI), o peso argentino pode oscilar dentro de uma faixa que se alarga diariamente. Os cálculos às vezes divergem, mas o jornal Clarín estima que o limite hoje esteja em 1.474,4 pesos.
Na terça-feira, 16, o ministro das Finanças da Argentina, Luis Caputo, já havia confirmado que, se o teto fosse rompido, o BCRA compraria peso para "absorvê-los e reduzir a volatilidade cambial". Neste caso, a intervenção não violaria os termos do acordo de estabilização firmado com o FMI, porque já está previsto na própria estrutura do regime cambial. Na semana passada, o Fundo reforçou apoio aos planos da equipe econômica argentina.
No começo do mês, o Tesouro chegou a intervir no câmbio para conter a escalada da divisa americana antes das eleições legislativas na província de Buenos Aires. O pleito resultou em uma derrota do partido do presidente Javier Milei, o que ampliou incertezas sobre a agenda fiscal e deflagrou uma disparada do dólar.
O cenário representa um teste de fogo para o governo do presidente Javier Milei, prestes a intensificar campanha para as eleições legislativas de outubro. O libertário já enfrenta o desgaste causado por um escândalo de corrupção que supostamente implicou Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da presidência.