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08h10 02 Junho 2025
Atualizada em 02/06/2025 às 08h10

LGBTQIA+ reivindicam saúde especializada para longevidade com orgulho

Por Redação TV KZ

Com a expectativa de vida no Brasil superando os 76 anos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que um em cada dez brasileiros já chegou aos 65 anos. Contudo, esse envelhecimento não é igual para todos os grupos. As pessoas LGBTQIA+ experimentam a terceira idade com desafios e vulnerabilidades únicas, além de um orgulho veemente por suas identidades. No Mês do Orgulho LGBTQIA+, especialistas e ativistas enfatizam a necessidade de aprimorar os serviços de saúde para que não se transformem em uma forma de desvalorização dessa comunidade.

“A morte não tem idade, e eu não vivo esperando por isso. Vivo cada dia, dentro do possível, para ser feliz,” expressa Dora Cudignola, uma ativista LGBTQIA+ de 72 anos. “Sou uma idosa lésbica e atrevida,” se apresenta.

Dora é a presidente da associação EternamenteSOU, fundada em 2017 em São Paulo, que se dedica a acolher idosos LGBTQIA+. Esta população enfrenta a solidão e a invisibilidade dentro da própria comunidade, especialmente ao buscar cuidados na área da saúde. A situação se torna ainda mais crítica quando precisam de acolhimento em instituições de longa permanência.

“O SUS e qualquer contexto de saúde deveriam ter profissionais capacitados para nos atender. Muitos não compreendem ou não sabem como lidar conosco. Apesar das dificuldades, o SUS ainda é a melhor opção, mas os profissionais precisam entender como lidar com a diversidade,” destaca Dora.

Enquanto instituições de longa permanência específicas para LGBTs não existem, a EternamenteSOU tenta suprir essa carência. A associação visa combater a solidão, ao mesmo tempo em que celebra o envelhecimento e a aceitação desta fase da vida. Dora afirma que envelhecer deve ser uma experiência positiva, cheia de alegria e acolhimento.

“Envelhecer não pode ser um fardo. Precisa ser uma fase rica, onde a experiência e a felicidade caminharm lado a lado,” ressalta.

Demandas Inconclusivas

O gerontologista Diego Felix Miguel publicou uma Carta Aberta à Sociedade Brasileira sobre a importância de garantir uma velhice digna e visível para a população LGBTQIA+. Ele aponta que muitos idosos dessa comunidade têm demandas invisíveis e que é urgente implementar políticas públicas que considerem a diversidade sexual e de gênero, assegurando dignidade e acesso aos cuidados de saúde.

“É necessário desenvolver instituições que realmente reconheçam e tratem essas questões. Há pouca visibilidade sobre as reais necessidades dessa população,” afirma o especialista.

Entre os desafios enfrentados por idosos LGBTQIA+ estão os cuidados em instituições de longa permanência, onde muitas vezes são forçados a ocultar suas identidades. Diego destaca que, para tratar pessoas idosas da comunidade, é crucial que os profissionais sejam bem treinados e compreendam a diversidade.

Realizar cuidados apropriados é fundamental, e a questão da discriminação pode ser agravada em lares onde a moral e as tradições são arraigadas. “Não devemos esquecer que os idosos LGBTQIA+ estão sujeitos a discriminações até mesmo de familiares e demais residentes,” conclui Diego.

Solidão e Saúde Mental

A solidão é uma questão crítica que afeta a saúde mental da população LGBTQIA+. O geriatra Milton Crenitte salienta que o isolamento social está ligado a problemas sérios, como demência e dificuldade no controle de doenças crônicas. “A solidão, infelizmente, pode matar. Infelizmente, a comunidade LGBT enfrenta mais solidão em comparação aos heterossexuais,” enfatiza.

Com a evolução da sociedade, é essencial que todos os idosos tenham acesso a um envelhecimento digno e saudável, onde possam ser acolhidos e respeitados em suas individualidades.

 

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