O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) se reuniu na manhã desta terça-feira, 6, com lideranças bolsonaristas do PL, União Brasil e Progressistas do Estado e sinalizou a construção de uma aliança contra o PT nas eleições de 2026.
Ao lado do deputado estadual Alcides Fernandes (PL), pai do deputado federal André Fernandes (PL-CE) - um dos principais defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Câmara -, Ciro afirmou que vê no bolsonarista "todos os dotes e qualificações", "um homem decente, de fé", para o Senado em 2026. E desconversou sobre a possibilidade de se lançar pela aliança em formação como candidato ao governo do Estado.
"Alguns amigos muito generosos lembram o meu nome, que não pretendo mais ser candidato a nada. À luz dessa salvação do Ceará, eu não posso me eximir de cumprir o papel. Não desejo ser candidato. O meu partido tem candidato que acha que está qualificado, que é o Roberto Cláudio", afirmou Ciro em entrevista após encontro reservado com Alcides Fernandes e lideranças bolsonaristas na Assembleia Legislativa do Ceará.
Os novos aliados veem em Ciro um nome capaz de disputar o comando do Palácio da Abolição, sede do governo estadual, contra o atual governador Elmano de Freitas (PT) nas próximas eleições. O ex-chefe do Executivo cearense, no entanto, é reticente em avançar as discussões.
Um dos entraves é o desejo do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) em disputar o comando do Estado. Cláudio se reuniu com o presidente do partido, Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência do governo Lula, em fevereiro deste ano, e recebeu "carta branca" para formar as alianças para o próximo pleito, inclusive com a direita, segundo pedetistas.
O PDT não pretende abrir mão de encabeçar a chapa da aliança para o governo do Estado em 2026, mas está disposto a apoiar o candidato do PL ao Senado. No encontro desta terça-feira, Ciro destacou o apoio do nome de Alcides Fernandes.
"O PL apresenta como possível candidato ao Senado o Alcides, que tem todos os dotes, todas as qualificações. Do jeito que os nossos adversários estão organizando a chapa, lá não tem currículo, lá é folha corrida. Aparentemente, lá, a lista de candidatos até aqui que eu conheço é folha corrida. Então, o Alcides salta longe como homem decente, como uma pessoa nova na política, homem de fé, homem de testemunho", afirmou Ciro Gomes.
Relação com Cid Gomes
Ciro Gomes voltou a falar sobre a relação com o irmão, o senador Cid Gomes (PSB). Cid declarou no fim de abril, em evento do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que, no cenário nacional, não pretende adotar uma posição contrária à de seu irmão. Ciro, no entanto, afirmou que vê o irmão como "cúmplice" do governo de Elmano, no Ceará.
"No pessoal, eu não tenho mais nenhuma mágoa. Deus tirou das minhas costas a dor lancinante de uma facada nas minhas costas. Entretanto, eu vejo, fria e geladamente, como uma pessoa preocupada com o que está acontecendo no Ceará, o senador Cid como conivente, como cúmplice, dessa tragédia que está acontecendo no Ceará", afirmou.
O racha começou ainda nas eleições de 2022, com discordâncias sobre o apoio ao Partido dos Trabalhadores (PT). Enquanto Cid se aproximou da base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, consolidando-se como um dos principais aliados do governo federal no Senado e apoiando também a administração estadual de Elmano de Freitas no Ceará, Ciro manteve uma postura crítica e firme contra o PT, tanto no contexto nacional quanto estadual.
Essa diferença de posicionamento culminou, no início de 2024, na saída de Cid e de seus aliados do PDT e sua filiação ao PSB. A mudança aprofundou a divisão entre os grupos conhecidos como "cidistas" e "ciristas" na política cearense.