Bruno Henrique foi ouvido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta quinta-feira. Um inquérito apura a possível participação do jogador do Flamengo em um esquema de apostas com cartões. Pela suspeita, ele também foi indiciado pela Polícia Federal (PF). O atacante nega o envolvimento no caso.
O jogador havia sido convocado para a última segunda-feira, dia 26, mas faltou a audiência. No dia, o Flamengo tinha treino, no turno da manhã, no CT Ninho do Urubu, motivo apresentado por Bruno Henrique para a ausência.
O Flamengo jogou contra o Deportivo Táchira na noite de quarta-feira, pela Libertadores. Com a manhã desta quinta-feira livre, Bruno Henrique, enfim, depôs à Justiça Desportiva.
Já foram colhidos depoimentos de outras pessoas envolvidas. Conforme determinou o presidente do STJD Luís Otávio Veríssimo Teixeira, o auditor Maxwell Borges de Moura Vieira tem até o dia 6 de junho para conduzir a apuração e apresentar relatório conclusivo.
Na esfera desportiva, há a possibilidade de Bruno Henrique ser banido, mas ela é remota. Essa punição só é aplicada em caso de reincidência ou se o acusado for o aliciador. Se considerado culpado, o atacante deve pegar suspensão de até dois anos.
Na Justiça comum, a defesa de Bruno Henrique havia pedido o arquivamento do caso. O argumento era de que a conduta atribuída a Bruno Henrique não é condizente com às ações relatadas.
A 7ª Vara Criminal recebeu o pedido, mas enviou uma solicitação de vistas do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MP-DFT). É o próprio MP-DFT que analisa o inquérito da PF e decide se oferece denúncia ou não.
Bruno Henrique foi indiciado por estelionato e fraude em competição esportiva. O lance que tornou o jogador suspeito aconteceu em uma partida do Brasileirão de 2023, contra o Santos, em que ele recebeu cartão amarelo aos 50 minutos do segundo tempo.
Como resultado do suposto esquema, parentes do atacante rubro-negro teriam conseguido realizar apostas com alta margem de retorno financeiro. O irmão de Bruno Henrique, Wander, apostou R$ 380,86 e recebeu R$ 1.180,67. Sua esposa, cunhada do jogador, teria apostado em duas plataformas distintas.
De valor inicial, a mulher apostou R$ 380,86 e R$ 500,00, e recebido, respectivamente, R$ 1.180,67 e R$ 1.425,00 de retorno. A prima do atleta também apostou R$ 380,86 e recebeu de volta a mesma quantia.
A PF analisou 3.989 conversas no WhatsApp do flamenguista. Muitas delas estavam apagadas, o que indica, para a PF, que o jogador deletou parte dos registros. No celular do irmão do jogador, que também foi apreendido, foram flagrados diálogos que mostram o envolvimento de Bruno Henrique. Além dos dois, a PF indiciou Ludymilla Araujo Lima (cunhada) e Poliana Ester Nunes Cardoso (prima) pelo caso.
A defesa nega o envolvimento do jogador, critica a divulgação de mensagens e diz que ele defende "mais restrições" a apostas esportivas.
"O atleta Bruno Henrique é conhecido e respeitado por sua simplicidade e comprometimento com o esporte. Nunca esteve envolvido em esquemas de apostas. Pelo contrário, acredita que o negócio de apostas deveria sofrer cada vez mais restrições pelas autoridades", diz um trecho de nota divulgada pelos representantes.
Ainda que o STJD tenha aberto inquérito, não houve pedido de suspensão preventiva. Isso permite que Bruno Henrique continue em atuação pelo Flamengo.