Futebol
08h40 04 Julho 2025
Atualizada em 04/07/2025 às 08h40

Filadélfia se mobiliza para celebrar Dia da Independência e ignora Palmeiras x Chelsea

Por Ricardo Magatti Fonte: Estadão Conteúdo

Quem anda pelas ruas da Filadélfia encontra moradores simpáticos. Muitos deles até se interessam pelas partidas do Mundial de Clubes, fazem perguntas sobre o torneio e se orgulham de que a cidade seja uma das sedes da competição de futebol, um esporte que pouco consomem. Boa parte sabe que o Lincoln Financial Field será palco das quartas de final entre Palmeiras e Chelsea, mas não é para essa partida que todos estão mobilizados em "Philly".

Moradores e a maior parte dos turistas que estão na Filadélfia se mobilizaram para celebrar o 4 de julho, a data mais importante para os americanos. Trata-se do Dia da Independência, anualmente comemorado desde 1776, quando foi determinada a libertação do que então eram as treze colônias americanas do domínio britânico e adotada a Declaração da Independência, de Thomas Jefferson.

"A Declaração da Independência foi essencialmente o dever de casa de Thomas Jefferson. Por dois dias, ele teve que ficar sentado aqui, nesta sala, em completo silêncio escrevendo", explica Larry Mcclenney, guia oficial do Parque Histórico Nacional da Independência, onde fica o Independence Hall, prédio em que foi aprovada a Declaração da Independência e, em 1787, assinada a Constituição dos Estados Unidos. "Gosto de me referir a esta sala como o berço dos Estados Unidos", diz o guia.

A reportagem fez uma visita à sala onde Jefferson elaborou o rascunho do documento e que passou por 86 alterações até o Congresso Continental adotar oficialmente a versão final em 4 de julho de 1776.

A cidade é decorada e leva muito a sério o 4 de julho, tanto que começa a festejar o feriado antes e depois da data, com 16 dias de eventos, desfiles, discursos e apresentações no dia que é encerrado com shows de fogos de artifício atrás do imponente Museu de Arte da Filadélfia, seguindo a tradição. A queima de fogos está programada para o momento em que Palmeiras e Chelsea estiverem se enfrentando.

Nesta sexta, dezenas de eventos gratuitos estão programados para a Filadélfia - e por todo o país - para comemorar o 4 de julho, estabelecido em 1870 como o Dia da Independência. As celebrações têm início com a festa Juneteenth no Museu Afro-Americano e terminam com um concerto gratuito na Benjamin Franklin Parkway, uma das principais avenidas da cidade.

Há quem aproveite a data histórica também para protestar, caso da aposentada Susen Qetell, com a qual o Estadão conversou dias antes do feriado histórico. "Eu amo os Estados Unidos, certamente somos muito imperfeitos, mas precisamos honrar nosso país, honrar o que aconteceu naquele prédio ali (aponta para o Independence Hall). Nós dissemos que não queríamos um rei e Donald Trump quer ser um rei, não só dos Estados Unidos, do mundo", protestou ela, segurando um cartaz em que se lia "Salve a nossa democracia".

Alguns dos turistas espalhados pela cidade não vieram visitar a Filadélfia pela sua importância política e histórica, mas por causa do Palmeiras. Há muitos menos palmeirenses agora do que na primeira fase em Nova York e Miami porque vai se tornando cada vez mais caro acompanhar o time. Mas eles são visivelmente maioria em relação aos fãs do Chelsea e podem ter reforço nas arquibancadas.

"O jogo será no Dia da Independência contra os ingleses. Juntem-se a nós, nos apoiem", disse Abel Ferreira, em inglês, de bom humor, convocando os americanos a apoiar o Palmeiras.

Como aconteceu em Nova York, Miami e na própria Filadélfia, palmeirenses vão se reunir horas antes da partida para pintar de verde a cidade. Desta vez, a concentração será na Prefeitura (City Hall), com instrumentos e bandeiras. O plano é marchar para o lado oeste de Philly, na mesma direção do desfile do Dia da Independência. Em menor número, a torcida do Chelsea se juntará em um pub irlandês.

O técnico do Chelsea, Enzo Maresca, disse ter gostado de voltar à cidade. Seu time jogou na Filadélfia outras duas vezes, ambas na fase de grupos. "Tivemos dois jogos aqui, as instalações onde trabalhamos eram boas", disse o italiano. "Então, no geral, tem sido uma sensação muito boa estar aqui na Filadélfia".

Capital dos Estados Unidos entre 1790 e 1800 e a sexta cidade mais populosa dos Estados Unidos (1,5 milhões de habitantes), a Filadélfia, ou Philly, como também é conhecida, une o moderno e o histórico e pode agradar desde o jovem que procura agito noturno e cultural à família que quer conhecer o passado norte-americano.

Quem caminha pela cidade, vê avenidas de arranha-céus envidraçados convivendo com prédio históricos e também passa por ruas estreitas, arborizadas, com pequenos prédios de tijolo aparente. Trata-se de uma cidade plana, fácil de caminhar e onde se pode usar a bicicleta como meio transporte para ir a museus ou bares, shoppings ou parques, teatros e cafés.

A cidade tem o seu mercadão, o Reading Terminal Market, e se orgulha de ter sido lá que foi inventado um sanduíches mais cultuados dos Estados Unidos, o Philly cheesesteak.

VEJA TAMBÉM