Andriy Portnov, ex-chefe-adjunto da administração presidencial da Ucrânia durante o governo de Viktor Yanukovych, favorável à Rússia, foi morto a tiros na manhã desta quarta-feira, 21, perto de Madri, do lado de fora de uma escola, disse uma fonte policial à AFP.
"A vítima foi baleada várias vezes ao entrar em um veículo. Várias pessoas atiraram nas costas e na cabeça dele e depois fugiram para uma área arborizada", disse a fonte, que confirmou que a vítima era Portnov. Ele foi identificado como a vítima pelo Ministério do Interior da Espanha, após ter sido baleado às 9h15, horário local (4h15 de Brasília).
Segundo a mídia espanhola, Portnov tinha acabado de deixar seus filhos em uma escola americana nesta área residencial quando foi assassinado.
Questionado pela AFP, um funcionário do serviço de inteligência militar ucraniano se limitou a confirmar a morte de Portnov. "Segundo as informações disponíveis, Portnov foi assassinado a tiros", disse a autoridade, falando sob condição de anonimato, sem fornecer mais detalhes.
O corpo, coberto por um pano branco, foi removido pouco antes das 14h, hora local, de acordo com repórteres. Os serviços de emergência de Madri confirmaram que ele já estava morto quando os socorristas chegaram, com pelo menos três tiros no corpo.
"Ouvi (...) cerca de 6 a 7 tiros", disse Inés, uma estudante que mora em uma residência próxima, à Telecinco. "Olhei para fora e não vi nada, mas alguns minutos depois ouvi uma garota gritando e então o que parecia um buzina de carro muito longa", acrescentou.
Fuga da Ucrânia em 2022
Jurista e ex-funcionário de alto escalão na Ucrânia, Portnov, de 51 anos, foi membro do Parlamento na década de 2000 antes de se tornar chefe-ajunto da administração presidencial de Yanukovych, o líder pró-Rússia que fugiu da Ucrânia para a Rússia após a violenta repressão às manifestações pró-europeias conhecidas como Revolução Maidan, em 2014.
Após a queda de Yanukovych, Portnov também fugiu do país e se estabeleceu na Rússia e depois na Áustria, antes de retornar à Ucrânia após a eleição presidencial de Volodimir Zelenski, em 2019.
Segundo a imprensa ucraniana, graças às suas conexões de alto escalão, Portnov conseguiu fugir da Ucrânia em junho de 2022, após o início da invasão russa, apesar de homens de 18 a 60 anos terem sido proibidos de sair do país, com algumas exceções.
Portnov também foi sancionado pelos Estados Unidos por "corrupção" em dezembro de 2021.
De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, Portnov cultivou "conexões profundas com o sistema judiciário e as agências de segurança da Ucrânia por meio de suborno".
Os Estados Unidos o acusam de "usar sua influência para comprar acesso aos tribunais ucranianos e influenciar suas decisões, além de sabotar os esforços de reforma".
Eles acreditam que "em 2019, Portnov tomou medidas para controlar o Judiciário ucraniano, influenciar a legislação correspondente, tentar colocar funcionários leais em altos cargos no sistema judicial e comprar decisões judiciais". (Com agências internacionais).