Em 2026, uma lista de autores entrará em domínio público, ou seja, suas obras não estarão mais protegidas por direitos autorais, permitindo uso livre sem pagamento de royalties, após o prazo legal.
No Brasil, a regra geral é de 70 anos após a morte do autor, contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte. Sendo assim, entram em domínio público autores falecidos em 1955.
Nomes como Oswald de Andrade, Machado de Assis, Virginia Woolf, Hemingway, e Shakespeare já estão em domínio público.
No próximo ano, farão parte do grupo: Thomas Mann, autor alemão vencedor do Nobel de Literatura de 1929; e os americanos Dale Carnegie, James Agee, Wallace Stevens, Robert P. Tristram Coffin.
Em janeiro, a Zain vai publicar A Morte em Veneza, de Mann. O livro sai em 20 de janeiro, em duas edições.
A primeira é uma edição inédita que virá com uma novidade. "É a primeira vez que se publica, junto à novela, o libreto da ópera homônima do compositor Benjamin Britten, um dos (se não o mais) importantes compositores de ópera do século XX", adianta Leonardo Silva, dono da Zain. O libreto terá tradução de Júlio Castañon Guimarães
Já a obra tem tradução de Julia Bussius e ainda dois posfácios inéditos: um de João Silvério Trevisan, autor com uma conexão direta com a obra, e outro de Dieter Borchmeyer, um dos maiores especialistas na obra de Thomas Mann.
A segunda edição vem em box especial com o livro, e um encarte exclusivo, que inclui ilustrações de Carla Caffé, texto crítico da diretora cênica de ópera Livia Sabag, além de duas entrevistas - uma sobre Thomas Mann, com Caren Heuer, germanista e socióloga, atual diretora do Buddenbrookhaus, e outra sobre Benjamin Britten, com Colin Matthews, compositor e seu ex-assistente pessoal.
Veja a seguir os autores que entram em domínio público em 2026:
Thomas Mann (1875-1955)
Talvez o nome mais conhecido que entrará em domínio público é Thomas Mann. Um dos maiores escritores alemães do século 20, Mann é conhecido por romances e novelas que exploram com profundidade as tensões entre indivíduo e sociedade, razão e decadência. Por aqui, suas obras são publicadas pela Companhia das Letras.
Nascido em uma família burguesa ligada ao comércio, Mann transformou essa origem em matéria literária: seu romance de estreia, Os Buddenbrook (1901), retrata a ascensão e o declínio de uma família de comerciantes do norte da Alemanha.
Entre seus livros mais célebres estão A Morte em Veneza (com edição pela Zain em janeiro), Doutor Fausto e A Montanha Mágica, que terá edição lançada pela Penguin-Companhia também em janeiro. Mann também se destacou ao assumir posição firme contra o nazismo após a ascensão de Hitler ao poder.
Em 1929, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, principalmente pelo impacto duradouro de Os Buddenbrook. Perseguido pelo regime nazista, viveu no exílio a partir dos anos 1930 - primeiro na Europa e depois nos Estados Unidos -, tornando-se uma das vozes mais influentes da literatura alemã no exterior.
A Todavia tem em seus planos a publicação de livros de Mann para 2027.
Dale Carnegie (1888-1955)
Dale Carnegie foi um escritor e palestrante norte-americano que se tornou uma das figuras mais influentes do século 20 no campo do desenvolvimento pessoal, comunicação e liderança. Construiu sua carreira a partir da observação prática do comportamento humano, especialmente no ambiente profissional e social, tema que atravessa toda a sua obra.
Ficou conhecido pelo best-seller Como fazer amigos e influenciar pessoas, publicado por aqui pela Sextante. A obra propõe princípios simples - como empatia, escuta ativa e valorização do outro - apresentados de forma direta e acessível.
Suas outras obras incluem Como falar em público e encantar pessoas, Como evitar preocupações e começar a viver, Como ser bem-sucedido nos dias de hoje, Como se tornar inesquecível, Liderança: Como conquistar a confiança, a lealdade e a admiração das pessoas, As 5 habilidades essenciais dos relacionamentos, entre outros.
James Agee (1909-1955)
James Agee (1909-1955) foi um escritor, jornalista, poeta e roteirista norte-americano cuja obra se destaca pela intensidade emocional e pela atenção à experiência humana.
Agee ganhou reconhecimento sobretudo por seu trabalho híbrido entre literatura e jornalismo. Seu livro mais famoso, Elogiemos os homens ilustres (Companhia das Letras), foi escrito em parceria com o fotógrafo Walker Evans, e nasceu de uma reportagem encomendada pela revista Fortune sobre famílias de agricultores pobres durante a Grande Depressão.
Após sua morte, Agee alcançou ainda maior notoriedade com o romance Uma morte em família. Autobiográfico, o livro revisita a morte do pai sob o olhar de uma criança e foi amplamente elogiado por sua delicadeza e força narrativa, rendendo a Agee o Prêmio Pulitzer de Ficção em 1958, concedido de forma póstuma.
Agee também foi roteirista e colaborou no roteiro, por exemplo, do filme O Mensageiro do Diabo, considerado um clássico do cinema americano.
Wallace Stevens (1879-1955)
Poeta norte-americano, é considerado uma figura central do modernismo em língua inglesa. Sua poesia é marcada pela investigação constante das relações entre imaginação e realidade, buscando compreender como o mundo é moldado pela percepção humana.
No Brasil, tem publicado o livro O imperador do sorvete e outros poemas (Companhia das Letras).
Em 1955, ano de sua morte, recebeu o Prêmio Pulitzer de Poesia e o National Book Award. Suas obras incluem Harmonium (1923), Ideas of Order (1935), The Man with the Blue Guitar (1937), Notes Toward a Supreme Fiction (1942) e The Auroras of Autumn (1950).
Robert P. Tristram Coffin (1892-1955)
Robert foi um poeta, professor e editor norte-americano. Construiu uma obra ligada à paisagem, à cultura marítima e ao cotidiano da Nova Inglaterra, valorizando temas como natureza, memória, trabalho e espiritualidade.
Coffin teve papel importante não apenas como poeta, mas como mentor e editor, incentivando novas vozes da poesia americana. Seu livro mais conhecido, Strange Holiness (1936), lhe rendeu o Prêmio Pulitzer de Poesia, reconhecimento máximo de sua carreira.