Agronegócios
22h30 03 Setembro 2025
Atualizada em 03/09/2025 às 22h30

Estados Unidos atacam agro brasileiro, CNA reage com dados

Por Redação TV KZ

Associações relacionadas ao agronegócio brasileiro levaram ao Representante Comercial dos EUA (USTR) uma série de documentos que indicam práticas desleais atribuídas ao Brasil em diversas cadeias produtivas.

Essa iniciativa integra uma investigação que está sendo conduzida pela Casa Branca com base na Seção 301 da Lei de Comércio, que pode resultar na imposição de novas tarifas sobre produtos brasileiros.

Dentre as principais acusações estão alegações de entidades como a National Pork Producers Council (suínos), a National Cattlemen’s Beef Association (bovinos) e a American Farm Bureau Federation (agricultura e etanol), que afirmam que o Brasil utiliza barreiras tarifárias e exigências sanitárias excessivas para restringir a importação de carne suína e bovina dos EUA, além de manter tarifas sobre o etanol norte-americano.

As associações ainda mencionam o desmatamento e riscos sanitários como justificativa para uma postura mais rígida de Washington.

Em resposta, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) tomou a frente na defesa do Brasil em Washington. Durante uma audiência pública, a entidade refutou as acusações, apoiando-se em dados oficiais:

  • Competitividade legítima: a força do agro brasileiro se deve a recursos naturais abundantes, clima favorável e investimentos contínuos em tecnologia.
  • Normas rigorosas: as exportações brasileiras atendem a padrões sanitários e ambientais rigorosos.
  • Tarifas e reciprocidade: somente 5,5% das exportações agropecuárias brasileiras recebem preferências tarifárias, enquanto mais de 90% das importações seguem o princípio da Nação Mais Favorecida, conforme a OMC.
  • Etanol: o Brasil é um importante importador de etanol americano, tendo adquirido em 2024 17 vezes mais do que da Índia.
  • Sustentabilidade ambiental: o Código Florestal brasileiro é um dos mais severos do mundo, com 66% do território nacional coberto por vegetação nativa, grande parte preservada em propriedades rurais privadas.
  • Interdependência bilateral: os EUA são um dos principais destinos das exportações agro brasileiras, enquanto o Brasil importa mais de US$ 1,1 bilhão em insumos e máquinas agrícolas dos EUA.

“A competitividade do agro brasileiro surge de fundamentos legítimos como recursos naturais e inovações contínuas, não de práticas comerciais desleais”, destacou Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA.

As tensões comerciais entre Brasil e EUA se intensificaram desde abril, quando os EUA aplicaram tarifas de 10% sobre exportações brasileiras, aumentando para 50% em julho por razões políticas. O governo atual considera essa medida uma intromissão injustificável na soberania nacional.

Enquanto isso, a CNA busca transformar o debate em uma discussão técnica, baseada em números, sustentabilidade e interdependência comercial, ao invés de se deixar levar por uma retórica política.

A conclusão da investigação sob a Seção 301 poderá impactar a relação entre Brasil e EUA, determinando se será um caminho de cooperação ou uma guerra comercial que afetará diretamente a economia brasileira.

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