Associações relacionadas ao agronegócio brasileiro levaram ao Representante Comercial dos EUA (USTR) uma série de documentos que indicam práticas desleais atribuídas ao Brasil em diversas cadeias produtivas.
Essa iniciativa integra uma investigação que está sendo conduzida pela Casa Branca com base na Seção 301 da Lei de Comércio, que pode resultar na imposição de novas tarifas sobre produtos brasileiros.
Dentre as principais acusações estão alegações de entidades como a National Pork Producers Council (suínos), a National Cattlemen’s Beef Association (bovinos) e a American Farm Bureau Federation (agricultura e etanol), que afirmam que o Brasil utiliza barreiras tarifárias e exigências sanitárias excessivas para restringir a importação de carne suína e bovina dos EUA, além de manter tarifas sobre o etanol norte-americano.
As associações ainda mencionam o desmatamento e riscos sanitários como justificativa para uma postura mais rígida de Washington.
Em resposta, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) tomou a frente na defesa do Brasil em Washington. Durante uma audiência pública, a entidade refutou as acusações, apoiando-se em dados oficiais:
“A competitividade do agro brasileiro surge de fundamentos legítimos como recursos naturais e inovações contínuas, não de práticas comerciais desleais”, destacou Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA.
As tensões comerciais entre Brasil e EUA se intensificaram desde abril, quando os EUA aplicaram tarifas de 10% sobre exportações brasileiras, aumentando para 50% em julho por razões políticas. O governo atual considera essa medida uma intromissão injustificável na soberania nacional.
Enquanto isso, a CNA busca transformar o debate em uma discussão técnica, baseada em números, sustentabilidade e interdependência comercial, ao invés de se deixar levar por uma retórica política.
A conclusão da investigação sob a Seção 301 poderá impactar a relação entre Brasil e EUA, determinando se será um caminho de cooperação ou uma guerra comercial que afetará diretamente a economia brasileira.