As exportações brasileiras de carne de frango estão suspensas para a União Europeia, além da China, confirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A suspensão automática e da forma de autoembargo está prevista no protocolo de exportação de frango acordado entre o Brasil e o bloco europeu. A suspensão ocorre após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em plantel comercial no Brasil, confirmado mais cedo pelo Ministério da Agricultura.
O bloco está entre os dez principais destinos do frango brasileiro. As exportações de frango para a União Europeia perfazem cerca de 7% de todo volume exportado pelo Brasil. Em 2024, o Brasil exportou 229,984 mil toneladas de carne de frango para os 27 países da União Europeia, com embarques somando US$ 655,320 milhões.
O Brasil, segundo o ministro, negocia a regionalização do protocolo com o bloco europeu, pleiteando que as exportações sejam restritas apenas à região do foco detectado, em um raio de 10 quilômetros, ou ao Estado.
"Desde o primeiro foco de gripe aviária em aves silvestres há dois anos, intensificamos a revisão do protocolo com diversos países. Com alguns países, ainda não foi concluído. É possível que consigamos essas mudanças, comprovando que outras regiões não têm risco de foco e, com isso, liberação dos embarques das demais regiões", afirmou o ministro em entrevista ao Broadcast Agro.
A China também vai suspender a partir desta sexta-feira e por até 60 dias as compras de carne de frango do Brasil.
Já Reino Unido, Argentina, Japão, Emirados Árabes e Arábia Saudita vão restringir a compra de carne de frango brasileiro apenas do Rio Grande do Sul e, posteriormente, somente ao município, segundo Favaro.
Esses países já possuem protocolos de regionalização acordados com o Brasil. A expectativa do ministério é de que outros países flexibilizem o protocolo de regionalização de gripe aviária, restringindo os embargos à área do foco detectado, mesmo com as ações em curso.
Desde a confirmação do foco de gripe aviária em granja comercial, o governo atua sobretudo em duas frentes. As medidas, do ponto de vista sanitário, vão no sentido de evitar a entrada da doença em outras granjas comerciais e, sob o ponto de vista comercial, restabelecer o mais rápido possível os fluxos comerciais.
Trata-se do primeiro caso no Brasil de gripe aviária no sistema comercial (influenza aviária de alta patogenicidade). O caso em granja comercial foi confirmado na noite da quinta-feira em um matrizeiro (granja de produção de ovos férteis) de aves comerciais em Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, segundo o ministério, a granja foi isolada, as aves do plantel eliminadas e todo o sistema comercial da região está sendo monitorado, afirmou, bem como o fluxo comercial da granja foi rastreado e os ovos férteis inutilizados.
As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no Plano Nacional de Contingência estão em curso, segundo o ministério. As ações incluem o bloqueio comercial da granja, o monitoramento da região, além da erradicação das aves do plantel afetado, assim como intensificação das medidas de fiscalização e biossegurança. O ministro enfatizou que não há sinais de aves doentes em outras granjas comerciais na região do foco detectado.