O Ibovespa seguiu em baixa nesta abertura de semana em meio à decepção dos agentes de mercado com o resultado da reunião, no domingo, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com lideranças partidárias para apresentação de propostas alternativas à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para o reforço de receitas e o cumprimento do arcabouço fiscal. O resultado foi o costumeiro aos olhos do mercado e com ressalvas, também, em parte dos políticos de Brasília: o ajuste continua a vir, essencialmente, do aumento tributário, e não pela contenção de despesas.
Assim, o índice da B3 teve máxima do dia (136.105,81) praticamente no nível de abertura (136.102,39) e encerrou ainda em baixa de 0,30%, aos 135.699,38 pontos - bem afastado, contudo, da mínima da sessão, de 134.118,64 pontos, então em baixa de 1,46%. O giro financeiro desta segunda-feira ficou em R$ 20,1 bilhões.
No mês, o Ibovespa cede 0,97% e, no ano, avança 12,82%. A desta segunda-feira foi a quarta perda consecutiva para o Ibovespa. E, no fechamento, o índice permanece no menor nível desde 7 de maio, mas agora abaixo da linha de 136 mil.
"Dia pautado pela reunião entre lideranças políticas e a equipe econômica, ontem. E veio a confirmação da decepção, com o ajuste vindo ainda pelo aumento de impostos em diferentes frentes, como a tributação proposta agora de LCAs e LCIs opção de investimento atualmente isenta para pessoas físicas", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Ele destaca que tal frustração colocou o Ibovespa na contramão de Nova York nesta segunda-feira, onde os principais índices tiveram leve alta, com otimismo cauteloso em torno das negociações entre representantes de Estados Unidos e China, nesta segunda, em Londres, sobre as tarifas comerciais. Em Nova York, Dow Jones sem variação, S&P 500 +0,09% e Nasdaq +0,31%.
"Ainda é muito difícil fazer conta em cima do que está sendo discutido com relação às mudanças propostas sobre tributação, como as de LCA e LCI. Como é MP, só passa a valer em 2026, e não é a primeira vez que se tenta fazer isso com LCA e LCI - até aqui, sem sucesso. Há apoio a subsídios, lobby em setores importantes para a economia, como o agrícola e o imobiliário. Parece uma cortina de fumaça ao que é essencial na resolução do problema fiscal de longo prazo, que passa pelo corte de gastos", diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.
"Ajuste veio pela taxação para tentar fazer com que as contas do governo fechem no azul. Passa pelo Congresso e depende de aprovação, num contexto em que o governo tenta reagir à má recepção inicial que se teve à proposta de aumento do IOF", resume Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.
Assim, o dia foi majoritariamente negativo para as principais ações do Ibovespa, mas a virada da principal delas, Vale ON (+0,59%, na máxima do dia no encerramento), contribuiu para a mitigação de perdas do índice da B3 - favorecido nesta segunda também por outros nomes do setor metálico, em especial Gerdau (PN +6,41%) e Metalúrgica Gerdau (+5,21%).
Por outro lado, Petrobras fechou em baixa de 1,05% na ON e de 1,55% na PN e, entre os grandes bancos, as perdas da sessão ficaram entre 0,52% (Itaú PN) e 0,75% (Bradesco PN), à exceção de Banco do Brasil ON e Santander Unit, que fecharam pouco acima da estabilidade (+0,09% e +0,07%, respectivamente).
Na ponta ganhadora do Ibovespa, além de Gerdau e Metalúrgica Gerdau, destaque também para Embraer (+4,63%) e Marfrig (+2,57%). No lado oposto, B3 (-3,02%), RD Saúde (-2,90%) e SLC Agrícola (-2,70%). Os dois papéis da Gerdau se descolaram do sentimento em geral negativo na sessão, após o UBS BB ter elevado a recomendação de Gerdau, de neutra para compra, e aumentar o preço-alvo.
Na avaliação do banco, o aumento das tarifas de importação de aço para 50% nos EUA é um divisor de águas para a tese de valorização das ações, pela produção local da empresa.