Economia
11h50 20 Junho 2025
Atualizada em 20/06/2025 às 11h50

Incerteza com Selic impede Ibovespa de subir com Nova York e minério de ferro

Por Maria Regina Silva Fonte: Estadão Conteúdo

A possibilidade de que a Selic fique no nível de 15% ao ano por um bom período, como entendimento de especialistas após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa na quarta-feira à noite, impede alta do Ibovespa nesta sexta-feira, 20, em sintonia com as bolsas norte-americanas e avanço de 0,93% do minério de ferro hoje em Dalian.

Na volta do feriado de Corpus Christi no Brasil e de Juneteenth nos Estados Unidos, o principal indicador da B3 se depara com valorização dos mercados de ações em Nova York, avanço dos rendimentos dos Treasuries e queda de cerca de 3% do petróleo em Londres. Ao mesmo tempo, a agenda esvaziada e o vencimento de opções sobre ações na B3 podem dar espaço para volatilidade.

Apesar de os Estados Unidos terem dito que divulgarão se entrarão no conflito no Oriente Médio em duas semanas, o que dá certo alívio aos mercados, os ataques entre Israel e Irã continuam, elevando as incertezas quanto a um desfecho. Hoje a guerra entra em seu oitavo dia, enquanto novos esforços diplomáticos podem estar em andamento.

Na quarta-feira, após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manter os juros dos EUA entre 4,25% e 4,50%, conforme o esperado, o Copom elevou a Selic de 14,75% para 15% ao ano, em linha com as estimativas conservadoras, enquanto outra parte estimava manutenção. A decisão do Copom do Banco Central foi unânime. Já o BC chinês deixou suas principais taxas de juros inalteradas.

"A alta de 0,25 ponto veio como esperávamos, mas o mercado estava dividido. O Copom dá a entender que pode interromper o ciclo de alta caso confirme o cenário que eles desenharam. Esperamos que este nível de juros fique onde está até a próxima reunião julho", diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Asset Management no Brasil, que vê inicio de queda no segundo trimestre de 2026.

Conforme Ashikwa, no comunicado, o BC enfatizou que a política monetária restritiva por continuar um período prolongado. "Não está com muita disposição para discutir queda dos juros", acrescenta.

Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a comunicação do Copom foi tão dura que poderia ser usada para justificar elevações mais robustas do que o aumento de 0,25 ponto porcentual observado.

Adicionalmente, diz Sanchez em relatório, se o BC não tivesse sido explícito ao indicar a interrupção do ciclo de alta da Selic, o texto do Copom poderia ser interpretado como sinalização de continuidade. Para o economista da Ativa, o intuito do BC ficou claro: "pesar a mão para afastar cenários de cortes de juros precoces da curva."

A despeito do entendimento de que o processo de aperto monetário se não foi concluído, está em vias de, o nível de 15% é o maior em 20 anos, o que tende a elevar a pressão sobre custos nas empresas e consequentemente pesa nas ações, principalmente daquelas mais sensíveis a juros. Inclusive hoje os juros futuros curtos sobem.

A despeito do recuo do petróleo, as ações da Petrobras avançam. Nesta sexta-feira, a estatal pagará a segunda parcela da remuneração aos acionistas referente a dezembro 2024. Ja os papéis ligados ao minério caem. Vale cedia 1,31% às 11h12, enquanto Petrobras subia entre 0,27% (PN) e 0,81% (ON)

Ações de grandes bancos também recuavam bem como aquelas mais sensíveis ao ciclo econômico, caso de Vamos (-4,34%) e Magazine Luiza (-2,46%), que figuravam entre as maiores perdas da carteira teórica.

Na quarta-feira, o Ibovespa fechou em baixa de 0,09%, aos 138.716,64 pontos, acumulando alta de 1,10% na semana.

Às 11h21 desta sexta, o Ibovespa caía 0,89%, na mínima aos 137.480,11 pontos, ante máxima aos 138.719,09 pontos, com variação zero, praticamente o mesmo nível da abertura.

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