Os casos de febre amarela na região das Américas triplicaram em 2025 em comparação com o mesmo período em 2024, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Até o dia 2 de maio, foram confirmados 212 casos em cinco países, contra 61 no ano passado - um aumento de 247%. O Brasil concentra a maioria das infecções, com 110 casos e 44 mortes. Também houve registros neste ano na Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
Ao todo, 85 mortes já foram relatadas à OMS. O dado representa uma taxa de letalidade de 40%, considerada alta, mas varia de acordo com a localidade. No Equador, por exemplo, os quatro casos reportados resultaram em óbitos (100% de letalidade).
Diferentes regiões
Em 2024, casos humanos de febre amarela foram notificados principalmente na região amazônica da Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana e Peru. Este ano, no entanto, os casos foram detectados principalmente em outras áreas, incluindo o interior paulista.
No Estado de São Paulo, foi registrado o maior número de mortes pela doença em sete anos: foram 55 casos e 31 mortes.
Houve notificação também nos estados de Minas Gerais, com 10 casos e 5 mortes; Pará, com 44 casos e 7 mortes; e Tocantins, com 1 caso fatal. A maioria dos infectados era do sexo masculino, representando 89,6% dos pacientes, e as idades variaram entre 10 e 75 anos. Apenas uma pessoa tinha registro de vacinação contra febre amarela.
Todos os pacientes relataram exposição a áreas selvagens ou florestais, seja por meio de atividades ocupacionais ou recreativas. Ainda assim, não é possível ignorar que a doença pode ter um ciclo urbano. Para a OMS, o risco à saúde pública nos países afetados é considerado alto, especialmente diante da queda nas vacinações desde a pandemia de covid-19.
"O aumento de casos confirmados de febre amarela nas Américas destacou a necessidade de fortalecer a vigilância, a vacinação de populações em risco e as estratégias de comunicação de risco para pessoas que se deslocam para áreas onde a vacinação é recomendada", avalia a organização.
A doença
A febre amarela é causada por um arbovírus transmitido aos humanos principalmente pela picada de mosquitos Haemagogus e Aedes aegypti.
A transmissão ocorre por dois diferentes tipos de ciclos, o silvestre e o urbano. No ciclo silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e os vetores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Aqui, os seres humanos participam como hospedeiros acidentais ao frequentarem áreas de mata.
Já no ciclo urbano, os seres humanos são os únicos hospedeiros com importância epidemiológica e a transmissão ocorre por meio de mosquitos Aedes aegypti infectados com o vírus.
Quais são os sintomas?
Segundo Moacyr Silva, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, a febre amarela tem sintomas parecidos com os de várias doenças infecciosas, não possuindo um sinal característico.
"Os sintomas incluem dor no corpo, febre e mal-estar. Em casos mais tardios e graves, podem ocorrer sangramentos espontâneos", disse em entrevista ao Estadão. "Caso a pessoa tenha uma febre e um mal-estar contínuos, é importante procurar uma unidade básica de saúde para avaliar o quadro clínico."
Importância da vacinação
A vacinação é a forma mais eficaz de combate à doença. Atualmente, o calendário vacinal prevê uma dose do imunizante aos 9 meses de idade e outra aos 4 anos. Em pessoas com mais de 5 anos não vacinadas previamente, utiliza-se o esquema de dose única. O imunizante é oferecido gratuitamente em postos de saúde de todo o País.