Conflitos
07h50 24 Junho 2025
Atualizada em 24/06/2025 às 07h50

Otan se reúne sob protestos, ameaça da Rússia e guerra entre Israel e Irã

A Otan deve oficializar na cúpula que começa nesta terça-feira, 24, em Haia, na Holanda, o acordo para aumentar os gastos militares para até 3,5% do PIB de cada país-membro. O encontro acontece sob pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, que deve comparecer. Ele insiste que os aliados se comprometam a gastar mais em defesa.

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, aliados dos EUA vêm ampliando seus orçamentos militares, mas quase um terço ainda não alcançou a meta da Otan de 2% do PIB.

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou ontem em entrevista coletiva que se a Rússia atacar qualquer país da aliança militar nas condições em que esses aliados se encontram hoje a resposta "já seria devastadora". No entanto, ele argumentou que, com tantas instabilidades geopolíticas, é necessário reforçar o orçamento direcionado à defesa dos países da aliança.

O Reino Unido se comprometeu ontem a alcançar uma meta de 5% de seu PIB com gastos de segurança e defesa até 2035, segundo o primeiro-ministro Keir Starmer. "Esta é uma oportunidade para aprofundar o nosso compromisso com a Otan e fomentar ainda mais o investimento na segurança e na resiliência da nação", declarou o líder trabalhista. Starmer havia prometido em fevereiro aumentar o gasto em defesa do Reino Unido para 2,5% do PIB até 2027, e para 3% em algum momento no início da década de 2030.

Apesar do consenso aparente entre os países-membros, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, enviou uma carta ao secretário-geral da Otan afirmando que Madri não cumpriria a nova meta de gastos. Segundo ele, obrigar o país a destinar 5% do seu PIB à defesa "seria contraproducente".

Rutte, no entanto, insistiu ontem que a Espanha não tem uma opção de exclusão e afirmou que a Otan está "absolutamente convencida" de que Madri terá de atingir a nova meta para cumprir seus compromissos militares com a aliança. "A Otan não tem cláusulas de exclusão ou acordos paralelos, porque todos nós temos de contribuir", afirmou.

Protestos

O encontro de dois dias também tem como objetivo sinalizar ao presidente russo, Vladimir Putin, que a Otan está unida, apesar das críticas de Trump à aliança, e determinada a expandir e atualizar suas defesas para impedir qualquer ataque da Rússia.

Além disso, a cúpula de Haia terá o desafio de manter Trump satisfeito. Questionado se a guerra entre Irã e Israel o levaria a não comparecer à reunião, o presidente americano disse que ainda planejava comparecer.

O encontro ocorre sob o maior esquema de segurança já implementado na Holanda, com milhares de policiais, militares, drones, zonas de exclusão aérea e especialistas em cibersegurança.

Às vésperas da reunião, centenas protestaram em Haia contra o aumento de gastos militares e contra um eventual confronto direto com o Irã. Manifestações foram registradas também nos EUA, França, Paquistão, Grécia e Filipinas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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