O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Promotoria de Justiça de Campos Altos/MG, emitiu uma recomendação com orientações à Câmara Municipal para restringir o pagamento de diárias e reembolsos. O documento foi entregue ao Legislativo nessa quinta-feira (3).
De acordo com o documento, a medida foi motivada por notícias de irregularidades no pagamento desses benefícios, que, segundo informações apuradas, somariam aproximadamente R$ 2.312.714,89 em valores gastos com diárias pelos vereadores entre os períodos de 2017 a 2020 e 2021 a 2024, sem contar as despesas extras com taxas de cursos.
Conforme levantamento divulgado recentemente pela TV KZ, apenas entre 2021 e 2024 foram gastos cerca de R$ 1,4 milhão com diárias pelo Legislativo.
O MPMG destacou que o pagamento de diárias exorbitantes compromete os recursos públicos e prejudica a prestação de serviços essenciais à população, como saúde, educação e infraestrutura. O órgão ressaltou que o município enfrenta diversos problemas estruturais e sociais, como falta de vagas em creches, ruas não pavimentadas e prédios públicos em condições precárias.
Ainda segundo a recomendação, o uso reiterado e desproporcional de diárias caracteriza abuso de direito, contrariando princípios constitucionais como a legalidade, moralidade e razoabilidade. O MPMG enfatizou que o exercício da função pública deve priorizar o interesse coletivo e o bom uso dos recursos.
Entre as orientações apresentadas, o Ministério Público recomendou que o Legislativo:
O MPMG fixou o prazo de 60 dias para que o Legislativo se manifeste por escrito, informando se acatará as medidas ou descrevendo as providências adotadas. A recomendação também determina que o documento seja amplamente divulgado.
De acordo com o presidente da Câmara, Sandro Ubirajara Martins, desde que ele assumiu o comando da Casa, os pagamentos de diárias foram suspensos e, até o momento, nenhum vereador utilizou recursos de diárias. Segundo ele, também não foi autorizada a contratação de assessores no período.
O não atendimento à recomendação pode configurar ato de improbidade administrativa, com possibilidade de responsabilização judicial e ressarcimento ao erário.
A recomendação foi assinada pelo promotor de Justiça José Geraldo de Oliveira Silva Rocha, em 1º de julho de 2025.