O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a lançar suspeitas de manipulação acerca dos dados do relatório de criação de empregos do país, o payroll. Também indicou ter "três nomes em mente" para substituir a funcionária responsável pelo departamento de estatísticas (BLS, na sigla em inglês), demitida hoje.
"Quando você olha para esses números... quero dizer, precisamos de coisas legítimas", declarou o republicano à imprensa na Casa Branca nesta sexta, 1º.
Mais cedo, em publicação na Truth Social, Trump anunciou a demissão da comissária de Estatísticas do Trabalho, Erika McEntarfer, responsável pelo payroll, e a nomeação interina de William Wiatrowski para o cargo. À imprensa, o republicano disse que fez "a coisa certa em demiti-la", e disse ter "três nomes em mente" para um substituto.
Trump também reiterou suspeitas sobre manipulação em dados anteriores do payroll para supostamente favorecer a ex-vice-presidente e ex-candidata democrata à presidência, Kamala Harris, nas eleições do ano passado, sem apresentar provas.
Ex-comissários criticam demissão de funcionária
A demissão da comissária de estatísticas do Departamento de Estatísticas de Trabalho (BLS) dos EUA, Erika McEntarfer, representa uma escalada nos ataques "sem precedentes" do presidente americano, Donald Trump, ao sistema de divulgação de dados. A crítica aparece em comunicado assinado por dois antecessores de McEntarfer, William Beach e Erica L. Groshen.
Na nota, os signatários exortam o Congresso a investigar os motivos da demissão e, assim, restaurar a integridade apartidária do cargo. "A declaração do presidente enfraquece esses princípios e politiza dados que não podem e não devem ser usados para fins políticos", afirmam.
O grupo acusa Trump de buscar um culpado externo para notícias econômicas indesejadas. Segundo eles, o comissário não determinam os números, apenas os reporta. O processo é descentralizado para evitar interferências e usa métodos transparentes para chegar aos indicadores, ainda conforme a nota.
O comunicado defende também a prática do BLS de, ao publicar o payroll, revisar os dados dos dois meses anteriores. "Esta justificativa para a demissão da Dr. McEntarfer não tem mérito e prejudica a credibilidade das estatísticas econômicas federais, que são a base da tomada de decisões econômicas inteligentes por empresas, famílias e formuladores de políticas", alerta o texto.