A Controladoria-Geral da União (CGU) realizou uma auditoria para investigar o aumento inesperado de descontos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação ocorreu meses antes de uma operação conjunta com a Polícia Federal.
Os auditores visitaram associações e entrevistaram 1.273 beneficiários em todo o país para verificar se os descontos eram autorizados. Para surpresa da CGU, 97,6% dos entrevistados afirmaram não ter consentido com os descontos associados, e 95,9% não estavam filiados a nenhuma associação que justificasse a cobrança.
Documentos apresentados pelos auditores revelaram que muitos beneficiários não reconheciam as assinaturas ou a filiação, levando à conclusão de que os descontos estavam ocorrendo de forma indevida. As entrevistas realizadas entre abril e julho de 2024 foram fundamentais para a elaboração de um relatório que ressaltou a falta de clareza em relação aos descontos e a vulnerabilidade dos idosos ao uso de serviços digitais.
O documento, finalizado em setembro e divulgado recentemente, destacou que muitos beneficiários desconhecem a função do aplicativo Meu INSS, o que dificulta a identificação de descontos não autorizados. A CGU concluiu que a transformação digital no INSS, sem os devidos controles, aumentou o risco de cobranças indevidas.
Pelo menos 72,4% dos entrevistados desconheciam a existência do desconto em suas aposentadorias. A situação é ainda mais crítica entre aqueles que, mesmo cientes da cobrança, não solicitaram o cancelamento, possivelmente por dificuldades no acesso ao aplicativo necessário para realizar o pedido.
O relatório alerta que a falta de familiaridade dos beneficiários com ferramentas digitais limita sua capacidade de identificar e contestar descontos indevidos, colocando-os em uma posição vulnerável.