Saúde
08h50 05 Setembro 2025
Atualizada em 05/09/2025 às 08h50

Assistência ao parto avança no Brasil, mas pré-natal ainda preocupa

Por Redação TV KZ Fonte: Agência Brasil

Dados recentes de uma pesquisa conduzida pela Fiocruz revelam melhorias substanciais nas práticas hospitalares durante o parto. A incidência de episiotomia, um corte feito no canal vaginal para, em tese, facilitar o nascimento do bebê, reduziu drasticamente de 47% para 7% nos partos vaginais realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em cerca de uma década. Além disso, uma queda similar foi registrada na realização da manobra de Kristeller, protocolo em que o profissional de saúde aplica pressão na barriga da gestante para acelerar o parto, de 36% para 9%.

No sistema privado, a redução foi ainda mais acentuada, com apenas 2% das mulheres que tiveram parto vaginal reportando a realização desta manobra. Essa prática é considerada uma forma de violência obstétrica, trazendo riscos para a saúde da mãe e do bebê.

Neste mês, pesquisadores divulgaram as informações relacionadas ao estado do Rio de Janeiro, que refletem algumas tendências observadas nacionalmente. Os dados mostraram que a quantidade de mulheres que conseguiram se alimentar e mover-se durante o trabalho de parto aumentou significativamente. Quase todas as mulheres que deram à luz no estado, independente do sistema de saúde utilizado, escolheram posições verticalizadas durante o parto, favorecendo a saída do bebê.

"É uma adesão enorme às boas práticas e uma eliminação de intervenções desnecessárias. Essa mudança cultural está visível. No Rio, a postura de parir em litotomia, em que a mulher fica com as pernas para cima, sem poder fazer força, não existe mais. Isso é um grande avanço nas políticas públicas!", declarou a coordenadora da pesquisa, Maria do Carmo Leal.

Por outro lado, o acesso à analgesia para alívio da dor durante o trabalho de parto registrou uma queda preocupante: a proporção de mulheres que receberam esse suporte no SUS caiu de 7% para 2%, com apenas 1% no Rio de Janeiro. Nos serviços privados, a redução foi de 42% para 33%, atingindo 30% na mesma região.

A pesquisa também revela que a proporção de cesarianas permanece um desafio a ser enfrentado, uma vez que os índices de cirurgias no SUS subiram de 43% para 48% se comparados à edição anterior do estudo, divulgado em 2014. A coordenadora enfatizou que um número considerável dessa alta é referente a cesarianas realizadas durante o trabalho de parto.

Os dados apontam que, no Brasil, os partos vaginais somaram 52% no SUS. Em contrapartida, o sistema privado apresenta taxas de cesarianas de 81% no Brasil e 86% no Rio de Janeiro, com somente 9% e 7% dessas cirurgias ocorrendo após o início do trabalho de parto.

A situação referente ao pré-natal, no entanto, não é tão otimista. Apesar de 98,5% das mulheres no Rio de Janeiro terem recebido acompanhamento, somente um terço demonstrou registros completos de aferição de pressão arterial e exames de glicemia, essenciais para monitorar complicações da gestação.

"Setenta e cinco por cento das mulheres de alto risco não consultaram um especialista e não foram acompanhadas adequadamente. Após um trabalho de parto, muitas se viram em uma difícil jornada até serem admitidas para o parto. Isso é inaceitável", ressaltou Maria do Carmo.

VEJA TAMBÉM