Pacientes oncológicas, acompanhadas por membros da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), realizaram uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde, em Brasília, nesta quarta-feira (9). O ato visou exigir acesso a tratamentos para câncer de mama avançado já aprovados, mas ainda indisponíveis via Sistema Único de Saúde (SUS).
A coordenadora de comunicação da Femama, Mely Paredes, afirmou que o objetivo é sensibilizar o ministério para garantir a disponibilização de medicamentos que estão no Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de câncer de mama, em vigor desde dezembro do ano anterior.
“A função desse protocolo é regulamentar as linhas de cuidado do câncer de mama, incluindo as medicações necessárias para cada tratamento”, ressaltou Mely.
A mobilização faz parte da campanha PCDT Rosa: quantos passos faltam?, que busca chamar atenção para a marcha em direção ao acesso a tratamentos adequados para câncer de mama. O mês de junho marcou seis meses desde a publicação do PCDT, e ainda há pacientes sem acesso aos novos medicamentos.
“Essas mulheres têm recebido tratamentos disponíveis nos centros de saúde, mas que não são os mais adequados para suas condições”, completou Mely.
O PCDT tem como meta otimizar o diagnóstico e o tratamento da doença no SUS, padronizando cuidados e regulamentando a oferta de terapias. Apesar da aprovação, muitas mulheres ainda enfrentam dificuldades para acessar os novos medicamentos incorporados, comprometendo assim sua qualidade de vida e sobrevivência.
“Os marcos legais são apenas o início do caminho para o acesso integral ao diagnóstico precoce e ao tratamento eficaz”, enfatizou a Femama.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta cerca de 74 mil novos casos de câncer de mama no Brasil anualmente. Com aproximadamente 75% da população dependente do SUS, a Femama alerta que, mesmo após a incorporação das novas medicações em 2021 e 2022, a realidade do acesso é muito distante.
Entre as pacientes, Cintia Cerqueira, de 49 anos, compartilha sua experiência após o diagnóstico de câncer de mama em 2018, que evoluiu para metástase. Em busca de medicamentos mais adequados, Cintia precisou recorrer à Justiça e enfrentou um tempo de espera considerável para o tratamento.
“Dói mais que o câncer saber que existe um medicamento que pode te dar vida, mas que você não tem acesso. O que queremos é o mesmo direito que quem tem câncer primário. Nossa luta é diária para a liberação dos medicamentos”, comentou Cintia.