Futebol Internacional
09h40 08 Setembro 2025
Atualizada em 08/09/2025 às 09h40

NFL encerra operação na Neo Química Arena após jogo no Brasil; como foi a segunda vinda a SP?

A National Football League (NFL) devolve nesta semana a Neo Química Arena ao Corinthians, depois de assumir a operação do estádio para os preparativos do duelo entre Los Angeles Chargers e Kansas City Chiefs desde a última segunda-feira. Com o triunfo da franquia da Califórnia por 27 a 21, e o retorno da equipe enviada pela liga para trabalhar na partida, a segunda semana da NFL no Brasil se encerra.

Dessa vez, não houve grandes problemas registrados durante a partida. Se em 2024, em Philadelphia Eagles x Green Bay Packers, a qualidade da grama e a torcida foram motivos de críticas dos jogadores - e que forçou a NFL a investir cerca de R$ 2,7 milhões na renovação do campo -, o duelo deste ano reservou declarações de amor dos elencos de Eagles e Chiefs.

"Brasil agora tem um lugar especial no meu coração", disse Jim Harbaugh, técnico de Los Angeles. Mesmo derrotado, Patrick Mahomes, quarterback de Kansas City, acompanhou o treinador rival. "A atmosfera e público foram ótimos, vou lembrar o resto da minha vida, especialmente a parte do hino", declarou.

O hino do Brasil, exaltado por Mahomes, recebeu elogios da imprensa internacional e da imprensa no estádio. Ana Castela, cantora sertaneja, foi a escolhida para entoar a canção antes do início do duelo da divisão Oeste da Conferência Americana (AFC). Do lado americano, Kamasi Washington foi o responsável pela interpretação. A canção, no entanto, foi alvo de vaias no estádio, em meio à tensão entre os países nos últimos tempos - algo que não ocorreu em 2024.

"Cada área, cada função da NFL, é muito transparente e em constante comunicação. Qualquer potencial risco, fazemos ajustes, mudamos o que temos de melhorar, cancelar, agregar. Sempre queremos que nossa relações sejam a longo prazo, mas sem oferecer nenhum risco às pessoas que estão vivendo essa experiência", afirmou Luis Martínez, gerente geral da NFL no Brasil, ao Estadão, quando questionado sobre algum temor da liga em relação às relações diplomáticas entre os países.

Em relação ao evento, as críticas de 2024 podem ser repetidas neste ano: preços salgados para os torcedores. Além do aumento no valor médio dos ingressos para as partidas, alguns preços itens na loja oficial da NFL, montada próxima ao setor oeste, podiam chegar a R$ 2 mil. As jerseys oficiais das equipes, que são utilizadas na partida, tiveram seu preço convertido para até R$ 1,2 mil.

A alimentação também foi um fator durante o jogo. Um pedaço de pizza ou um hambúrguer custavam, em média, R$ 50 para o torcedor que desejava se alimentar no estádio. O mesmo vale para a cerveja, que a NFL conseguiu a liberação novamente neste ano para a comercialização de bebida alcoólica, e que custava R$ 20 na Neo Química Arena.

A maioria dos torcedores no estádio estavam a favor dos Chiefs, mas nem isso foi capaz de parar Justin Herbert e o ataque dos Chargers, que dominou a partida e nunca esteve atrás do placar, desde o primeiro touchdown, ainda no primeiro quarto. Vice-presidente sênior da NFL International, Gerrit Meier, em breve contato com a reportagem após partida, avaliou positivamente a partida, apesar de ter menos pontos anotados em relação ao duelo de 2024.

Nas arquibancadas, a 'maré vermelha' de Kansas City também foi um dos fatores responsáveis pelo aumento no público. Com capacidade expandida para os duelos da NFL, a partida na última sexta-feira contou com 47.627 torcedores, número que supera a marca de Philadelphia Eagles e Green Bay Packers.

RECUPERAÇÃO DO GRAMADO

No contrato firmado entre NFL e prefeitura de São Paulo, a Neo Química Arena estaria à disposição da liga até três dias após a partida - prazo que se encerra nesta segunda-feira.

A organização da Neo Química Arena ainda trabalha para recuperar o gramado a tempo do confronto entre Corinthians e Athletico-PR, pelas quartas de final. Antes mesmo da partida, foi informado que, logo após o final de Chargers x Chiefs, uma equipe já entraria em ação para retirar a pintura do campo e fazer as correções necessárias pelo impacto do futebol americano.

De fato, isso foi feito. Ainda na madrugada de sexta para sábado, a força tarefa montada pela Arena entrou em ação, com os equipamentos necessários para iniciar a limpeza do gramado e, posteriormente, a retirada da tinta, traves, cadeiras no setor norte e arquibancadas móveis no oeste. Além disso, os bancos de reserva, que foram movidos pelo jogo, também precisaram ser recolocados.

A tendência é que, na próxima partida do Corinthians, ainda seja possível ver algumas marcações do campo de futebol americano. No último ano, em Corinthians x Juventude, também pela Copa do Brasil, leves áreas nas endzones e nas marcações de jardas no campo. Não impediu, no entanto, a qualidade da partida.

CLIMA DE SUPER BOWL AO REDOR DA CIDADE

A cidade de São Paulo viveu um clima de Super Bowl nesta semana. Além da presença de famosos na partida, como Neymar, a banda Green Day, Odell Beckham Jr., Gabriel Medina, entre outros, a NFL promoveu uma série de ativações para aproveitar a expansão do futebol americano no Brasil. Atualmente, a liga avalia que 36 milhões de pessoas têm interesse pelo esporte.

Mesmo sem Taylor Swift, cantora e noiva de Travis Kelce, tight-end dos Chiefs, Os fãs puderam deslumbrar murais produzidos em parceria com artistas como Kobra ao redor da capital paulista, em pontos da Vila Mariana, Itaim Bibi e Consolação. No Parque Villas Lobos recebeu, pelo segundo ano consecutivo, a NFL Run. Já a NFL Experience, watch-party para o jogo em São Paulo, passou da capital paulista para o Rio neste ano.

Tanto Chargers quanto Chiefs também aproveitaram essa última semana para ampliar suas marcas no País. Kansas City Chiefs promoveu, nos dias 4 e 5 de setembro, a Chiefs House, na GT House, em Pinheiros. O espaço contou com a presença de diversos executivos da NFL, como Roger Goodell, comissário da liga, e Peter O'Reilly, vice-presidente executivo.

Goodell, aliás, serviu cervejas para os torcedores no espaço, ao lado de Clark Hunt, dono do Kansas City Chiefs. À reportagem, os dois se mostraram animados por estar no Brasil e pela possibilidade de expandir a marca para esse novo mercado no Brasil. "Estou amando estar aqui", afirmou Goodell.

A Chiefs House também contou com a presença de Luísa Sonza, que criou uma releitura do hino do Kansas City Chiefs para este ano - "Red Kingdom". A escolha da cantora foi focada em explorar sua influência sobre o País, pensando em uma possibilidade de a franquia adquirir os direitos de marketing no Brasil já no próximo ano.

Os Chargers, mandantes no duelo, tiveram ação semelhante no Ômadá e Posto 6, ambos localizados na VIla Madalena, zona oeste de São Paulo. Os mesmos executivos que estiveram na Chiefs House visitaram o espaço na quinta-feira, na véspera do jogo.

Antes da partida, Chiefs e Chargers também treinaram, com acesso para a imprensa, no Clube Atlético São Paulo (SPAC) e CT Joaquim Grava, do Corinthians, respectivamente.

JOGO NO RIO EM 2026?

Ainda que a maioria dos eventos tenham sido focados em São Paulo, a NFL avalia mais ações nos demais Estados do País, com o Rio sendo uma prioridade nessa segunda fase da liga após estabelecer um escritório oficial no Brasil. Eduardo Paes (PSD), prefeito da capital fluminense, já revelou publicamente o desejo de contar com o jogo no Maracanã em 2026.

"Ontem a gente estava conversando com os caras da NFL. Eles fizeram um jogo no ano passado em São Paulo e eu já roubei para, em 2026, ser aqui no Rio. Não podia vazar isso, mas agora ferrou", disse Eduardo Paes. "A NFL anunciou o jogo em São Paulo mostrando imagens das praias do Rio, Cristo Redentor e Pão de Açúcar. O Rio é uma cidade desejada, sexy, que as pessoas querem estar."

Em fevereiro deste ano, o Estadão revelou que estava aberta a possibilidade de a NFL sediar duas partidas por ano no País, em São Paulo e no Rio, a partir de 2026. A estratégia seria semelhante àquela adotada pela liga na Inglaterra, onde Wembley e o Tottenham Hotspur Stadium recebem múltiplos compromissos da temporada regular anualmente.

Antes de selar o acordo com São Paulo, executivos da NFL chegaram a afirmar que a Neo Química Arena teve concorrência de outras cidades e Estados para receber uma partida de futebol americano. "Nosso compromisso hoje é com o jogo em São Paulo. Mas é certo que sempre estamos avaliando, e sempre estamos temos como liga um objetivo em levar a NFL a mais países, mais estados, mais cidades", afirma Martínez.

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