Antes cotado para brilhar em Roland Garros, João Fonseca agora vive momento negativo no circuito, com sua pior sequência da temporada, a poucas semanas da sua primeira partida como profissional no Grand Slam francês. O brasileiro de apenas 18 anos acumula três derrotas seguidas e apenas uma vitória desde que voltou de um curto período de férias, em março. Em comum nestes últimos jogos, muitos erros não forçados e atuações abaixo do esperado.
Nesta quinta-feira, ele foi eliminado logo na primeira rodada do Masters 1000 de Roma, a última grande competição antes de Roland Garros. O número 65 do mundo vinha de quedas no Masters de Madri, na segunda rodada, para o então favorito Tommy Paul; e para o modesto holandês Jesper de Jong, logo na estreia no Challenger de Estoril, torneio de menor porte, disputado em Portugal, na semana passada.
Fonseca não perdia três em sequência no circuito profissional desde julho do ano passado, quando se concentrou em torneios de grama para ganhar experiência nesta superfície, onde não está acostumado a treinar. Agora, a série de três resultados negativos acontece sobre o saibro, piso que é o seu favorito e onde começou a jogar, na infância.
Com uma vitória em quatro jogos, Fonseca não vem conseguindo repetir as grandes atuações exibidas entre o fim de 2024 e o início deste ano, quando se tornou conhecido mundialmente pelo título do Next Gen Finals, que reúne os oito melhores sub-20 do planeta. Depois emplacou um troféu de nível Challenger e estreou numa chave principal de Grand Slam derrubando um tenista do Top 10, o russo Andrey Rublev, então 9º do mundo, no Aberto da Austrália.
Na sequência, confirmou as elevadas expectativas ao levantar seu primeiro troféu de nível ATP, em Buenos Aires. Faturou mais um título de Challenger, nos Estados Unidos, e fez boas apresentações nos Masters de Indian Wells e Miami. Fonseca, então, se afastou do circuito temporariamente para tirar uma semana de "férias" e se preparar para a sequência do ano. O período de um mês fora foi uma compensação pela disputa do Next Gen Finals, que na prática fez o tenista emendar uma temporada com a outra, sem descanso.
Nesta gira de saibro na Europa, que culmina com a grande competição disputada em Paris, Fonseca venceu apenas uma partida, no Masters de Madri. Com uma grande performance, ele atropelou o dinamarquês Elmer Moller. Na sequência, fez jogo equilibrado, com direito a dois tie-breaks, contra Paul, 12º do mundo.
No entanto, foi surpreendido por um tenista de menor expressão na estreia em Estoril, resultado que chamou a atenção do mundo do tênis. Para o ex-tenista Fernando Meligeni, a derrota para De Jong, então 93º do mundo, mostra que os rivais já estão estudando o jogo do brasileiro. "O Fonseca já está sendo visado, o que é bom. Estão se preparando mais para enfrentar o João", afirma o comentarista dos canais ESPN.
Na sua avaliação, estas derrotas tendem a trazer bons aprendizados ao atleta de apenas 18 anos. "Esses jogos mostram que o João precisa evoluir e ele vai evoluir. Isso faz parte de experiência de circuito e maturidade. Por isso é que falamos que ele precisa perder para aprender. Como fã, a gente não quer isso, claro. Mas, para ele, é importante.".
Neste processo de crescimento, o carioca vai minimizar os erros, acima da média na derrota desta quinta, e aprender a enfrentar os tenistas do Top 10. "Ele evoluiu muito do ano passado para este ano. A maturidade vai trazendo novas percepções. O tênis é acerto e erro", avalia Meligeni.
O aprendizado inclui se adaptar aos rivais de nível mais elevado. "O João tem um estilo de jogo em que ele se impõe sobre os demais jogadores. Mas ele está acostumado a jogar em torneios Challenger, em que isso funciona muito bem porque os rivais não têm bola para jogar com ele. Só que no circuito profissional, os adversários atacam antes. Eles aguentam a 'porrada' do Fonseca. Para sair desta situação, é preciso maturidade. Isso só vai acontecer depois que o João enfrentar esses caras por quatro, cinco vezes."