Israel garantiu nesta segunda-feira, 16, ter conquistado "total superioridade aérea" em Teerã, no quarto dia de intensa troca de bombardeios entre os dois países. A série de alertas israelenses para a retirada de moradores de partes da capital disseminou o pânico entre a população e provocou uma fuga em massa da maior cidade iraniana.
As ordens de retirada emitidas por Israel nos últimos dias são muito parecidas com os alertas aos palestinos antes de ataques em Gaza. Os avisos, publicados nas redes sociais, falam em bombardeios contra a "infraestrutura militar", como o de ontem contra a sede da Força Quds, unidade de elite que responde diretamente ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
Muitos alvos, no entanto, não são militares. Uma indicação de que Israel expandiu o foco dos ataques foi o anúncio da TV estatal do Irã, que disse ontem ter interrompido as transmissões ao vivo por estar sendo bombardeada.
O exército israelense também emitiu um aviso amplo de retirada para moradores do Distrito 3, um dos mais populosos entre os 22 distritos da capital, onde vivem 300 mil pessoas. A sensação de que nenhum lugar é seguro causou uma fuga em massa de Teerã.
Um engarrafamento gigantesco se formou ontem na autoestrada Shomal, que liga Teerã ao balneário de Chalus, no Mar Cáspio, segundo imagens e vídeos postados nas redes sociais. Com o espaço aéreo iraniano fechado, a única forma de fugir da capital é por terra.
Assassinato
Em sinal de que não pretende recuar, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, admitiu que assassinar o aiatolá Khamenei é uma possibilidade. "Tivemos meio século de conflito disseminado por esse regime. A guerra eterna é o que o Irã quer", disse ele, em entrevista à ABC News. "Isso (matar Khamenei) não vai intensificar a guerra, vai acabar com ela."
Em meio a ameaças do Irã de abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), Netanyahu garantiu ontem que os ataques fizeram o programa atômico iraniano retroceder "muitos anos". No entanto, Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmou que, embora as instalações acima do solo em Natanz tenham sido destruídas, o subsolo não foi atingido e os danos em outras usinas foram reduzidos.
Destruição
Sem um fim à vista para as hostilidades, o quarto dia de bombardeios foi o mais intenso, de lado a lado. Em Israel, 8 pessoas morreram, elevando o número total de vítimas para 22, além de 600 feridos. O Irã registrou 224 mortos e 1.277 feridos desde o começo dos ataques israelenses.
O porta-voz do exército de Israel, Effie Defrin, disse que mais de 120 lançadores de mísseis - um terço do estoque iraniano - foram destruídos. A agência France-Presse noticiou, com base em uma fonte militar israelense, que os ataques às bases de lançamento de foguetes já tinham diminuído pela metade o número de mísseis disparados pelo Irã.
Ainda assim, os ataques continuaram a provocar impacto devastador nas regiões central e costeira de Israel. A agência de notícias iraniana Tasnim citou indícios do uso de um míssil balístico hipersônico com capacidade de desviar de sistemas de defesa antiaérea. A guerra parece agora uma corrida de números. O Irã teria cerca de 2 mil mísseis para disparar, segundo especialistas. A questão é quantos interceptadores ainda restariam a Israel, após quatro dias de combate. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.