O aumento de 0,25 ponto porcentual na Selic e a comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom) da quarta-feira, 18, levaram a mediana do relatório Focus do Banco Central a indicar estabilidade dos juros até o fim de 2025. No entanto, a média das projeções ainda sugere espaço para um corte da taxa até o fim deste ano.
A média das 100 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis indica que os juros vão chegar ao fim de 2025 em 14,8575% - mais próximos de 14,75% do que da mediana, de 15%. Isso sugere que a distribuição das expectativas é assimétrica para baixo - ou, em outras palavras, que há um viés negativo na projeção.
Na última quarta-feira, o Copom aumentou os juros a 15% e indicou a intenção de manter a taxa básica neste nível por um período "bastante prolongado". No comunicado, o Comitê ressaltou que continuará "vigilante" e que não hesitará em aumentar a Selic novamente, caso julgue apropriado.
"Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", afirmou o Copom.
Considerando a trajetória das estimativas do mercado, o ponto de dissenso parece estar justamente no que significa um período "bastante prolongado" de juros parados. As medianas sugerem Selic parada consistentemente ao longo de todo este ano. As médias, por outro lado, caem ao longo do tempo - apontando para uma chance maior de corte nos juros à medida que o tempo passa.
Vários fatores podem explicar a diferença entre esse comportamento. Em primeiro lugar, nem todas as expectativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis precisam, necessariamente, ter sido inseridas no sistema do Banco Central desde quarta-feira. Os economistas podem aguardar o ciclo de comunicações desta semana para atualizar seus cenários.
Na terça-feira, 24, o BC vai publicar a ata do Copom. Economistas do mercado aguardam, no documento, detalhes sobre o período "bastante prolongado" de juros parados. Na quinta-feira, 26, o Relatório de Política Monetária (RPM) do segundo trimestre traz estimativas revisadas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o hiato do produto e a trajetória da inflação trimestre a trimestre.
Na última pesquisa Projeções Broadcast, feita após o Copom, 40 de 47 instituições consultadas, ou 85%, previam manutenção da Selic em 15% até o fim de 2025. Outras sete, ou 15%, esperavam um corte ainda este ano.
Outro ponto de destaque é a diferença entre o nível atual dos juros e o piso e o teto do Focus. A maior projeção dos últimos cinco dias úteis sugere Selic em 15,25% no fim deste ano, apenas 0,25 ponto porcentual acima do patamar corrente. A menor aponta para 13,50%, 1,50 ponto abaixo do nível atual.